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1 out 2025
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A lactose, por si só, não é inflamatória em pessoas saudáveis; só causa desconforto em casos de intolerância ou doenças intestinais específicas.
A lactose é inflamatória? Mitos e verdades
A lactose é inflamatória? Mitos e verdades

A lactose, açúcar natural presente no leite e em seus derivados, tem sido alvo de muitas discussões nos últimos anos. Não faltam posts em redes sociais ou comentários em rodas de conversa afirmando que ela seria a responsável por inflamações no corpo, aumento de peso ou até piora de doenças metabólicas. Mas será que isso é verdade?

O que é a lactose e como ela funciona no corpo?

A lactose é um dissacarídeo formado por glicose e galactose. Para ser digerida, depende da enzima lactase, presente no intestino delgado. Em pessoas que produzem lactase normalmente, a digestão acontece sem dificuldades. Já quando há deficiência dessa enzima, ocorre a chamada intolerância à lactose, com sintomas como gases, cólicas, inchaço abdominal e diarreia.

Intolerância não é o mesmo que inflamação

A confusão comum está justamente aqui: os sintomas da intolerância são desconfortos locais no sistema digestivo, mas não configuram uma inflamação sistêmica. Isso significa que o corpo não reage à lactose como se fosse um agressor capaz de gerar resposta inflamatória generalizada.

De acordo com estudos revisados pela nutrição clínica, a lactose não é classificada como substância inflamatória em pessoas saudáveis. Pesquisas recentes, incluindo meta-análises, mostram que o consumo de leite e derivados não está associado ao aumento de marcadores inflamatórios, como a proteína C-reativa (PCR), a interleucina-6 (IL-6) ou o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α).

Em muitos casos, o consumo de laticínios, principalmente fermentados como iogurte e kefir, apresenta até efeitos anti-inflamatórios moderados.

Quando a lactose pode gerar problemas?

Existem, sim, situações em que a lactose pode intensificar desconfortos:

  • Em pessoas com doenças inflamatórias intestinais, como Doença de Crohn ou colite ulcerativa, a mucosa intestinal já está fragilizada. Nessas condições, a digestão da lactose se torna mais difícil, aumentando gases e cólicas.

  • Na alergia à proteína do leite de vaca, o problema não está na lactose, mas na proteína. Nesse caso, há reação imunológica real, com inflamação e até risco de reações graves.

Recomendações práticas

Para a população em geral, que não possui intolerância ou doenças intestinais, a lactose pode ser consumida sem riscos inflamatórios. Ainda assim, algumas orientações práticas podem ajudar:

  • Observar sinais do corpo e ajustar a quantidade de laticínios conforme a tolerância individual.

  • Optar por versões com baixo teor de lactose ou sem lactose em caso de desconforto.

  • Procurar um nutricionista em situações de sintomas frequentes ou doenças intestinais diagnosticadas.

O peso dos mitos e da desinformação

Grande parte da má fama da lactose vem da difusão de informações incompletas ou exageradas. A ideia de que “o leite inflama” ganhou força nas redes sociais, mas não faz distinção entre intolerância digestiva, alergia alimentar e inflamação sistêmica.

Esse tipo de simplificação gera medo e leva muitas pessoas a excluir os laticínios da dieta sem necessidade ou orientação profissional. Essa retirada, feita de forma indiscriminada, pode causar deficiências de cálcio, vitamina D e proteínas de alto valor biológico.

Por isso, a educação nutricional é essencial. Explicar que intolerância não significa inflamação, e que a alergia à proteína do leite é uma condição completamente diferente, ajuda a população a tomar decisões mais equilibradas.

O papel do contexto individual

A verdade é que a resposta ao consumo de lactose varia de acordo com cada organismo. Enquanto intolerantes sofrem desconfortos digestivos, a maioria da população digere bem a lactose e pode aproveitar os benefícios nutricionais dos laticínios.

O consumo consciente, aliado à avaliação profissional, é a melhor forma de manter uma dieta saudável e segura, sem abrir mão de nutrientes importantes presentes no leite e seus derivados.

Conclusão

Em resumo, a lactose não deve ser encarada como vilã universal. Para a maior parte das pessoas, ela não provoca inflamação sistêmica nem está associada a riscos metabólicos diretos. Os problemas surgem apenas em contextos específicos, como intolerância digestiva, doenças intestinais pré-existentes ou alergia à proteína do leite — que é outra condição.

O desafio está em combater a desinformação e promover uma comunicação mais clara. A chave não é excluir alimentos de forma precipitada, mas sim ouvir o próprio corpo, buscar orientação profissional e confiar em evidências científicas.

Ao separar mitos de fatos, fica mais fácil perceber que os laticínios, longe de serem inimigos, continuam sendo aliados importantes de uma dieta nutritiva, variada e equilibrada.

Adaptado para eDairyNews, com informações de NSC Total

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