Nas primeiras décadas do século XX só se falava de um assunto: o início da aviação. Foi em 1920 que Augusto Salles e seu genro, Antonio Gonçalves, compraram uma antiga fábrica de manteiga em Passos (MG). Na hora de dar um nome à marca, a inspiração veio de forma automática, e o primeiro logotipo da marca foi uma ilustração do 14-Bis de Santos Dumont (1873-1932). Cerca de 20 anos mais tarde, a fábrica foi para Bebedouro (SP), um local estratégico para atender à demanda do oeste paulista e para escoar a produção por ferrovia. No fim da década de 1970, a fábrica se mudou para São Sebastião do Paraíso (MG), cidade onde permanece.
A administração da Aviação continua na família fundadora e, segundo o vice-presidente, Roberto Pimenta Filho, bisneto e tataraneto dos fundadores, é assim que deve continuar. A manteiga é o produto mais vendido da marca. Em seguida, aparecem o requeijão e o doce de leite. A empresa cresceu cerca de 15% ao ano nos últimos anos. Em meio à pandemia, a expectativa de faturamento para 2020 é de R$ 530 milhões.
Forbes: Foi possível investir na marca centenária em 2020?
Roberto Pimenta Filho: Nós tínhamos o plano de investir R$ 20 milhões em 2020 – e conseguimos. O plano agora é investir mais 20 [milhões] até o meio de 2021. O investimento é voltado para um novo maquinário que vai melhorar a qualidade dos produtos e triplicar a produção de manteiga.
F: Quais são os produtos, além de manteiga, requeijão e doce de leite?
RF: Nós temos a linha de queijos, que é uma linha complementar. Esta linha atende mais o interior de São Paulo, pela logística de distribuição. Também temos uma produção de café, em que estamos apostando. O consumo do café está mudando. As pessoas estão se dando conta de que há diferentes qualidades entre os produtos. Há uma variedade de “cafés especiais”: é nesse setor que queremos entrar.
F: Vocês querem expandir para o exterior?
RF: O Brasil é enorme, e nós conseguimos vender muito bem aqui. Há um interesse externo, por exemplo, dos Estados Unidos, na compra de manteiga em lata e café. Mas pensamos que não faz muito sentido agora levar a marca para fora, se a demanda no Brasil é bem satisfatória.
F: Quais são os planos da marca para o futuro?
RF: Estamos prestes a lançar o nosso e-commerce. A princípio com os produtos secos, como a manteiga em lata, a linha de doce de leite e a linha de cafés. Além disso, temos um plano de abrir lojas-conceito da marca, nas quais poderíamos vender todos os nossos produtos. Há alguns anos, abrimos a Casa da Manteiga, em São Sebastião do Paraíso. Foi um projeto piloto que deu muito certo. Pensamos em expandir esta ideia.