Um mar de leite e uma administração rigorosa sustentam o crescimento da Laticínios Bela Vista. Aberta há 67 anos, a companhia começou processando 2 mil litros de leite por dia e queijos e manteiga vendidos em latas. O leite era recolhido de pequenos produtores de Piracanjuba (GO), que depois emprestou seu nome à principal marca de produtos da companhia. Hoje, a Laticínios Bela Vista exibe nas gôndolas de supermercados do Brasil quase 200 produtos. Em sete fábricas, em sete Estados, processa 4,5 milhões de litros de leite por dia. É o maior coletador e processador do país e, pela terceira vez, é líder na categoria Laticínios do Melhores do Agronegócio.
Os primeiros anos do Laticínios Bela Vista foram incertos. Os atuais proprietários, os irmãos Cesar Helou e Marcos Helou, se formaram em engenharia antes de assumirem a companhia, em 1985. Trocaram as pranchetas pela coleta de leite. As dificuldades eram tantas que, para evitar o fechamento da empresa, demitiram o único motorista e assumiram eles mesmos o volante do caminhão. Hoje, a Laticínios Bela Vista é conhecida por sua linha principal, a Piracanjuba, além de outras marcas, como Pirakids, LeiteBom, ChocoBom e MeuBom. Sua carteira de clientes soma 50 mil.
Investimentos criteriosos nas sete unidades fabris, construídas dentro do alcance do orçamento, explicam os resultados positivos que a Piracanjuba está colhendo nos últimos anos.
Em 2021, o grupo registrou crescimento de 12,3% na receita líquida sobre o ano anterior, com R$ 6,4 bilhões. “Boa parte desse aumento foi em função do aumento do preço de commodities e 50% referem-se à grande quantidade de leite processado, 4,8 milhões de litros por dia”, afirma Luiz Cláudio Lorenzo, diretor comercial da Laticínios Bela Vista. Segundo ele, a perspectiva para 2022 é de alta entre 15% e 16%. “Incremento baseado em maior precificação dos produtos, mas o volume de leite processado deverá ficar abaixo, com 4,5 milhões de litros por dia.” O motivo da redução se deu pelo fato de que em 2020 o leite longa vida teve redução na margem de lucro. “Com a baixa rentabilidade, reduzimos a produção em 5%.”
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— Foto: Estúdio de Criação/Ed. Globo
O uso da tecnologia foi outro fator de sucesso na adaptação aos novos formatos de venda, como o e-commerce. A receita do novo canal da companhia passou de 1,5%, em 2020, para 4%, no ano passado, devendo chegar a 10% neste ano. “Os produtos de alto giro ainda são muito presentes no varejo, com pouca viabilidade no e-commerce”, diz. A principal ferramenta, o canal Compre Agora, foi desenvolvido pela Unilever. Trata-se de uma opção B2B, quando a empresa faz seus produtos chegarem ao consumidor ou varejista por meio da distribuição e comercialização de uma terceira empresa. A marca é a primeira do segmento de laticínio a ingressar na plataforma. Mas a Bela Vista também está presente nos aplicativos Bees e B2B e tem parceria com o Zé Delivery, uma plataforma que se popularizou com a venda direta de bebidas ao consumidor.
Em São Jorge d’Oeste (PR), a empresa constrói a maior fábrica de queijos do Brasil. A unidade ficará pronta em 2024 e produzirá queijos e manteigas, com capacidade para processar 1,4 milhão de litros de leite por dia. “Os investimentos estão sendo revisados por causa dos aumentos de custos. Até agora, injetamos 5% dos recursos”, conclui.
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