Indústria brasileira do setor vislumbra a oportunidade de aumentar as exportações e desenvolve iniciativas que visam melhorar os níveis de produtividade e qualidade
Os recentes acordos de comércio internacional firmados entre o Mercosul e a União Europeia e também pelo bloco latino com o Egito, além da anunciada abertura do mercado chinês, devem potencializar a venda de leite e produtos derivados em todo mundo. A indústria brasileira do setor, que tem exportações ainda modestas, vê a oportunidades de incrementar seus embarques e já se prepara com iniciativas para melhorar os níveis de produtividade e qualidade, para garantir as chances de atravessar fronteiras.
Segundo a terceira edição do Índice Ideagri do Leite Brasileiro – pesquisa feita com base em diversos indicadores de desempenho da produção nacional –, os laticínios brasileiros atendem basicamente ao mercado doméstico e precisam avançar tanto na eficiência quanto na qualidade do produto. Diante disso, quais são os principais desafios de toda a cadeia do leite?
“Primeiro, tem que parar de aferir com dados médios, geralmente não embasados. É saber o que as melhores fazendas fazem, o que essas ‘top 10%’ produzem, e ter essa produção como meta. Também é fazer controle do rebanho para não ficar com vaca improdutiva, com bezerras morrendo. Temos desafios de fora da porteira, a questão da carga tributária, logística, a cadeia dos frios no Brasil. Já os custos e insumos para fazer leite dependem do mercado, do dólar estadunidense, então isso é mais para a economia. E tem que melhorar a disparidade dos rebanhos, já que, de zero a 10, a média nacional é de 4.1. As melhores fazendas nossas têm 8.9”, afirma Heloise Duarte.
PRODUÇÃO
“Nos últimos anos, tivemos queda de 10 litros ao ano por brasileiro: de 175 para 165 litros. O mercado doméstico está abastecido, então, agora temos que melhorar a produtividade da vaca, o rendimento da produção. Temos que diminuir o custo de nossa produção. Para se ter ideia, a potência Nova Zelândia tem a tonelada do leite US$ 400 mais barata que a nossa. Isso tem que mudar.”
Como o IILB é calculado
O Ideagri entende que temas como taxa de prenhez e mortalidade de fêmeas influenciam nesse grau. “Vejo que é mais repensar os investimentos, pois muitas vezes as pessoas que cuidam dessas fazendas não conseguem colocar bem o dinheiro. Existem, claro, fazendas com estruturas simples e bem cuidadas, com certa estrutura, mas infelizmente têm pouco desempenho pelo tamanho, pois falta manejo. É um trabalho difícil e demorado”, diz Heloise Duarte, diretora-executiva do Ideagri.