A entrada do artista e empresário Amado Batista no mercado de laticínios marca uma movimentação pouco comum no setor: aquela de uma celebridade que não apenas dá nome à marca, mas assume controle da produção desde a fazenda até a comercialização. Conforme reportagem publicada pelo portal AcordaCidade, no início de 2024 ele lançou linha própria de leite batizada com seu nome, com o objetivo de disputar mercado com gigantes como a Nestlé.
A iniciativa nasceu de sua fazenda leiteira situada próximo a Goiânia, que abriga cerca de 1.200 vacas e produz aproximadamente 17.000 litros de leite por dia — um volume expressivo para um projeto que parte de produtor local. O artista não se limita a investir: supervisiona diretamente desde a ordenha até as negociações comerciais. Esse nível de envolvimento dá visibilidade ao negócio e reforça a proposta de “leite com origem”, algo valorizado pelo consumidor.
Visão estratégica e posicionamento
O projeto de laticínios de Amado Batista combina dois vetores principais: produção própria em escala significativa e marketing apoiado em sua marca pessoal. O fato de o leite já estar sendo vendido a uma grande indústria francesa, que atua no Brasil e concorre diretamente com marcas como a Nestlé e a Piracanjuba, dá à iniciativa um caráter competitivo real.
Para o mercado, isso representa mais do que apenas um projeto paralelo de um famoso: é uma tentativa de verticalizar a cadeia leiteira, participar do valor agregado da marca e disputar posição em um mercado dominado por grandes conglomerados. Setores como o lácteo estão sujeitos a economias de escala, logística e forte estrutura industrial — mas a aposta em qualidade, origem e marca pessoal pode gerar diferencial competitivo.
Desafios no setor de laticínios
Apesar do entusiasmo da iniciativa, atuar no ramo de laticínios exige enfrentar diversos desafios:
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Infraestrutura: refrigeração, transporte, processamento e armazenamento são caros e exigem escala.
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Qualidade e conformidade: produção própria não basta; o produto precisa atender às normas, ter embalagem, logística e distribuição competitiva.
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Concorrência: marcas como a Nestlé já estão consolidadas, têm linha de produtos diversificada, canais de distribuição amplos e reconhecimento de marca nacional.
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Logística e distribuição: alcançar mercados além da região inicial exige rede de vendas, canais de varejo, parcerias com supermercados e distribuição eficiente.
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Construção de marca: embora Amado Batista tenha forte apelo popular, o posicionamento “marca de leite” precisa convencer o consumidor que vai além da fama do artista — qualidade, confiança e repetição de compra.
Potencial de diferenciação
Entretanto, o projeto também traz vantagens:
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Origem identificada e traceabilidade: muitos consumidores valorizam saber de onde vem o leite, como é produzido e quem está por trás da marca.
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Produção em escala considerável já no começo: 17 mil litros/dia é uma base sólida que permite competir com médio porte.
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Marca pessoal forte: o nome de Amado Batista oferece visibilidade e pode impulsionar entrada em canais de varejo com apelo diferenciado.
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Possibilidade de diversificação: uma vez estabelecida a produção de leite, a empresa pode expandir para derivados (queijos, iogurtes, bebidas lácteas) e explorar nichos premium com “leite de fazenda” ou “marca própria de celebridade”.
Implicações para o setor lácteo
Para o setor de laticínios como um todo, essa movimentação sinaliza que novos entrantes — mesmo vindos de outras atividades como entretenimento — podem abalar o setor se tiverem produção própria, estratégia de marca e capital para competir. Pode levar os grandes players a repensar: apelo de origem, marketing diferenciado, relacionamento com o produtor, narrativa de qualidade e autenticidade.
Conclusão
A iniciativa de Amado Batista de lançar seus próprios laticínios vai além de diversificação de negócio: é uma investida estratégica no setor leiteiro, com produção própria, marca pessoal e aspirações de rivalizar com gigantes como a Nestlé. Para quem acompanha o universo dos lácteos no Brasil — produtores, indústrias, varejo — isso é um movimento relevante: mostra que o setor permanece dinâmico, aberto à inovação e à entrada de novos players com proposta diferenciada.
Escrito para o eDairyNews, com informações de AcordaCidade.






