Durante décadas, os laticínios integrais foram apontados como inimigos de uma dieta equilibrada. O medo das gorduras saturadas fez com que muitos consumidores optassem por versões desnatadas ou “light”. No entanto, a ciência moderna está reescrevendo essa narrativa: cada vez mais pesquisas indicam que os produtos lácteos integrais, quando consumidos com moderação, podem oferecer benefícios que as versões com baixo teor de gordura não conseguem igualar.
O mito de que as gorduras dos laticínios aumentam o risco de doenças cardíacas vem perdendo força. Um estudo publicado no American Journal of Clinical Nutrition mostrou que o consumo de laticínios integrais está associado a menor risco de doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2. Esse efeito positivo é atribuído a ácidos graxos como o butirato e o CLA (ácido linoleico conjugado), com propriedades anti-inflamatórias e metabólicas.
Além disso, os laticínios integrais são fontes naturais de vitaminas lipossolúveis A, D, E e K que são melhor absorvidas na presença de gordura. Isso significa que, ao escolher versões desnatadas, o corpo perde parte da biodisponibilidade desses nutrientes essenciais. “Eliminar a gordura não é sinônimo de saúde”, ressaltam os especialistas.
Outro ponto importante é o poder de saciedade da gordura natural do leite. Diferente dos produtos ultraprocessados com baixo teor de gordura, os laticínios integrais promovem maior sensação de plenitude, auxiliando no controle do apetite e na estabilização da glicose no sangue. Esse efeito pode ajudar na prevenção do ganho de peso e no equilíbrio metabólico.
A Organização Mundial da Saúde recomenda priorizar alimentos naturais e minimamente processados. Nesse contexto, iogurtes, queijos e leites integrais produzidos de forma tradicional voltam a ocupar um espaço importante na mesa de quem busca uma alimentação real e consciente.
Os especialistas lembram que o equilíbrio é fundamental. Não se trata de exagerar no consumo de manteiga ou creme de leite, mas de incluí-los de maneira moderada, acompanhados de frutas, legumes e grãos integrais.
A qualidade do produto também faz diferença. Laticínios provenientes de animais alimentados com pasto apresentam níveis mais altos de ômega-3 e antioxidantes, o que aumenta seu valor nutricional. Em regiões com produção artesanal e local, os benefícios podem ser ainda maiores, devido à menor presença de aditivos e conservantes.
Quando o assunto é colesterol, as evidências atuais mostram que o impacto das gorduras lácteas no colesterol “ruim” (LDL) é menor do que se acreditava e pode vir acompanhado de um aumento do colesterol “bom” (HDL). Essa descoberta quebra décadas de recomendações que incentivavam evitar produtos integrais.
O redescobrimento dos laticínios integrais não significa um retorno ao excesso, mas sim uma valorização do consumo consciente. Nutricionistas e cardiologistas concordam que chegou a hora de deixar para trás os mitos e reconectar-se com alimentos naturais.
A tendência já é visível nas prateleiras: iogurtes gregos, queijos artesanais e leites integrais estão ganhando espaço no mercado e nas casas brasileiras. Além do sabor e da textura, os consumidores buscam autenticidade e nutrição de verdade.
Pesquisas populacionais de grande escala, como o PURE Study, reforçam que dietas que incluem laticínios integrais de forma equilibrada estão associadas a maior longevidade e menor incidência de doenças metabólicas.
Em suma, o recado dos especialistas é claro: a gordura do leite, longe de ser uma inimiga, pode ser uma aliada da saúde quando consumida com moderação. Apostar na qualidade, na origem e na naturalidade é o novo caminho para saborear queijo, leite e iogurte sem culpa.
O futuro da nutrição aponta para uma visão mais equilibrada e menos restritiva uma em que os laticínios integrais retomam seu papel de alimentos reais, nutritivos e saborosos que contribuem para uma vida mais saudável.
Adaptado para eDairyNews, com informações de Vitónica.
