Alinhada ao conceito 4.0, a pecuária voltada para a produção de leite ganha ajuda de tecnologias e programas que mudaram o mercado
Em seus quatro anos de existência, o Ideas for Milk já foi responsável por abrir portas para projetos de startups que demonstram o que é pensar de forma efetiva no mundo 4.0. Em 2019, por exemplo, foi apresentado o aplicativo Milkwiki, para auxiliar os produtores a cumprirem as exigências das Instruções Normativas da Qualidade do Leite. Disponível tanto para Android quanto iOS, o app oferece funcionalidades para ajudar no controle de qualidade, aumentar a capacitação do produtor e de seus colaboradores e desenvolver sistemas de rastreabilidade da cadeia produtiva no campo. O serviço estabelece canais de comunicação direta entre os profissionais da fazenda, facilitando o dia a dia de trabalho e demonstrando os setores nos quais a produção pode ser aprimorada.
Outra case de sucesso é o Cowmed. Em 2010, os então alunos de Engenharia Elétrica e Mecânica da Universidade Federal de Santa Maria, Leonardo Guedes e Thiago Martins, deram início a suas jornadas empreendedoras ao desenvolverem um sistema de detecção de cio, alerta para problemas de saúde e monitoramento nutricional de vacas. O projeto, que começou na faculdade, alcançou a segunda colocação no Ideas for Milk e consiste em uma coleira capaz de monitorar os animais por 24 horas e transmitir suas informações vitais diretamente para um aplicativo para os produtores.
A revolução do leite
O Ideas for Milk surgiu como um projeto da Embrapa Gado de Leite para chamar atenção de como a cadeia produtiva de leite pode ser revolucionada com conceitos de inteligência artificial, blockchain, automatização, plataformas integradas, computação em nuvem, entre outras tecnologias. O evento foi um dos cinco indicados à categoria Destaque Nacional no concurso Learning & Performance Brasil 2019/2020, premiação que busca reconhecer as melhores práticas de desenvolvimento de talentos e gestão de performance, escolhendo projetos que demonstram grande capacidade de transformação digital de negócios.
A Embrapa Gado de Leite também desenvolveu o Vachathon, ramo do Ideas for Milk no qual professores universitários podem montar times para debater ideias para o desenvolvimento de softwares e hardwares voltados para a solução de problemas da cadeia produtiva do leite. Em 2019, a maratona de debates foi realizada dentro da sede da Embrapa em Juiz de Fora, Minas Gerais. Os participantes contaram com 24 horas de mentoria de pesquisadores das áreas de genética animal e vegetal, nutrição, sistemas de produção, saúde e bem-estar animal e qualidade do leite.
O futuro da exportação
Na metade de 2019, o Ministério da Agricultura divulgou uma lista com 24 empresas habilitadas a exportar produtos lácteos para o mercado chinês. Um acordo já estava firmado entre os países desde 2007, porém nenhuma empresa era capacitada a atuar no setor. A abertura de mercado faz com que os produtos brasileiros derivados do leite possam alcançar um número populacional muito maior do que o atual. A estimativa feita pela Associação Brasileira de Laticínios (Viva Lácteos) é de que US$ 4,5 milhões sejam gerados com a venda de produtos lácteos.
A exportação de leite para a China mostra ao mercado a necessidade de inovação na cadeia produtiva do leite. Com a concepção de projetos tecnológicos, o chamado leite 4.0 toma conta da pecuária e abre as portas para que o Brasil se capacite como um país atrativo para a exportação de produtos lácteos.