ESPMEXENGBRAIND
23 ago 2025
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Consensos de especialistas mostram que o leite é seguro, nutritivo e deve fazer parte da alimentação em todas as fases da vida.
mulher leite

O leite sob os holofotes das redes sociais

Nos últimos anos, o leite de vaca tem sido alvo de debates intensos nas redes sociais. Influenciadores e modismos dietéticos frequentemente colocam os laticínios como vilões, sugerindo que seriam inflamatórios ou inadequados para adultos. Mas a ciência segue em outra direção. Um consenso publicado em 2024 pela Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) e pela Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN) concluiu, com base em evidências sólidas, que o leite é um alimento adequado, seguro e funcional ao longo de toda a vida.

Um alimento humano por excelência

Diferente de outros mamíferos, os humanos desenvolveram variantes genéticas que permitem manter a produção de lactase, enzima que digere a lactose, após o desmame. Além disso, a microbiota intestinal evoluiu para ajudar na fermentação desse açúcar. Esse processo adaptativo explica por que o consumo de leite se consolidou como prática cultural e biológica.

Do ponto de vista nutricional, o leite se destaca: um copo de 200 mL contém em média 244 mg de cálcio e 6,4 g de proteína, cobrindo de 11% a 35% das necessidades diárias, dependendo da idade.

Proteínas do leite: qualidade nutricional máxima

As proteínas do leite — caseínas e proteínas do soro (whey) — possuem altíssimo valor biológico. Elas oferecem todos os aminoácidos essenciais em proporções ideais, superando a maioria das fontes vegetais.

Avaliações por métodos internacionais como PDCAAS e DIAAS atribuem às proteínas do leite nota máxima, comparável apenas à albumina do ovo. Além disso, estudos mostram efeitos funcionais notáveis, graças a peptídeos bioativos que exercem ações:

  • Anti-hipertensiva,
  • Antioxidante,
  • Anti-inflamatória,
  • Antimicrobiana,
  • Reguladora do apetite.

Componentes como a lactoferrina e a membrana do glóbulo de gordura do leite (MFGM) ampliam ainda mais o impacto positivo na saúde.

Cálcio: insubstituível na dieta

Embora vegetais como espinafre e couve contenham cálcio, nenhum alimento natural oferece a mesma combinação de quantidade, absorção e praticidade que o leite. Sua biodisponibilidade acima de 30% o torna a principal fonte dietética desse mineral.

O consumo regular de leite contribui para:

  • Prevenção de osteopenia, osteoporose e raquitismo,
  • Desenvolvimento ósseo na infância e adolescência,
  • Proteção contra hipertensão, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares na vida adulta,
  • Combate à sarcopenia em idosos.

Mito: leite provoca inflamações?

Um dos argumentos mais difundidos contra o leite é de que ele causaria processos inflamatórios. O consenso brasileiro desmente essa ideia. Pesquisas apontam que, em pessoas saudáveis, o consumo de leite está associado até mesmo à redução de marcadores inflamatórios, como proteína C reativa (PCR) e citocinas pró-inflamatórias.

A única exceção é a alergia à proteína do leite de vaca (APLV), uma condição clínica específica, distinta da intolerância à lactose. Nesses casos, a exclusão do leite é necessária.

Intolerância à lactose: soluções práticas

Outro mito é que o consumo frequente de leite aumentaria o risco de intolerância à lactose. Na verdade, ocorre o oposto: quanto mais leite se consome ao longo da vida, menor tende a ser a intolerância, devido à adaptação intestinal.

Mesmo indivíduos diagnosticados costumam tolerar até 12 g de lactose por dia, equivalente a um copo de leite. Para quem apresenta sintomas, existem alternativas seguras:

  • Leite sem lactose,
  • Uso de enzima lactase em cápsulas,
  • Consumo fracionado,
  • Combinação com fibras e gorduras.

O que deve ser evitado é a retirada indiscriminada de laticínios, que pode gerar deficiências nutricionais graves.

Leite UHT: seguro e nutritivo

Outra crítica comum é ao leite UHT (ultrapasteurizado). No entanto, estudos confirmam que o processo térmico não compromete proteínas, cálcio nem vitaminas. Pelo contrário, garante segurança microbiológica, elimina a necessidade de conservantes e amplia a acessibilidade ao alimento, mantendo preço competitivo e prazo de validade estendido.

Em todas as fases da vida

Segundo o consenso, o leite deve ser recomendado em todas as etapas: infância, adolescência, vida adulta, gestação e envelhecimento. Guias alimentares nacionais e internacionais indicam de duas a três porções de laticínios por dia, preferencialmente versões com baixo teor de gordura para adultos e integrais para crianças.

Além da densidade nutricional, o leite se destaca pelo custo-benefício, sendo uma das fontes mais acessíveis de proteína e cálcio em países onde a deficiência de minerais é um problema de saúde pública.

Conclusão: ciência contra os modismos

Apesar das polêmicas, a ciência brasileira e internacional é clara: o leite é seguro, nutritivo e essencial. Excluir o alimento da dieta sem orientação profissional representa risco nutricional e perda de benefícios importantes para a saúde.

A recomendação dos especialistas é simples: confie na ciência, não nos modismos. O leite continua sendo um dos pilares de uma alimentação equilibrada, acessível e funcional.

Adaptado para eDairyNews, com informações de Compre Rural e supervisão da Redação.

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