Durante décadas, os produtos lácteos estiveram no centro de inúmeros debates sobre nutrição e saúde. De um lado, quem os considera essenciais para o crescimento e a força dos ossos; do outro, quem os vê como desnecessários ou até prejudiciais. A verdade é que a ciência tem revisado muitos dos mitos que cercam o leite e seus derivados.
Um dos mitos mais comuns diz que os adultos não deveriam consumir leite porque “é só para crianças”. No entanto, pesquisas científicas mostram que os laticínios continuam sendo benéficos na vida adulta, especialmente como fonte de cálcio, proteínas de alta qualidade e vitaminas do complexo B. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o consumo moderado de leite e derivados faz parte de uma dieta equilibrada desde que não haja intolerância ou alergias.
Outra crença popular é a de que o leite previne, por si só, a osteoporose. Os especialistas explicam que nenhum alimento isolado é capaz de evitar doenças, mas o consumo de laticínios, aliado a uma alimentação variada e à prática de exercícios, contribui para manter ossos fortes e saudáveis.
A BBC destaca também a confusão em torno das gorduras do leite. Por muito tempo, recomendavam-se apenas versões desnatadas, sob a ideia de que as gorduras saturadas eram totalmente prejudiciais. Hoje, estudos mais recentes mostram que os laticínios integrais contêm ácidos graxos que podem beneficiar o metabolismo e ajudar na saciedade. A chave está no equilíbrio e na escolha consciente do produto.
Os fermentados, como iogurte e kefir, ganharam destaque na última década. Ricos em probióticos naturais, esses alimentos favorecem a saúde intestinal e fortalecem o sistema imunológico. Os nutricionistas recomendam optar por versões sem adição de açúcar e com culturas vivas ativas.
Outro mito bastante difundido é o de que o leite causa muco ou resfriados. A ciência ainda não encontrou evidências sólidas para sustentar essa crença. Embora algumas pessoas possam ser mais sensíveis, a maioria tolera bem o consumo moderado de leite e derivados.
Por fim, o debate ambiental e ético também faz parte da discussão. Muitos consumidores têm reduzido o consumo de laticínios por razões relacionadas ao bem-estar animal ou à pegada de carbono. No entanto, os especialistas lembram que os leites vegetais nem sempre oferecem os mesmos nutrientes. Para manter o equilíbrio nutricional, é importante escolher opções fortificadas com cálcio e vitamina D.
Em um cenário em que a desinformação sobre alimentação circula rapidamente, os cientistas reforçam a importância de buscar fontes confiáveis e baseadas em evidências. O objetivo não é eliminar alimentos, mas entender o papel de cada um deles em uma dieta saudável e sustentável.
Nos últimos anos, o avanço da ciência dos alimentos e da nutrição tem mudado a forma como o leite é percebido. Pesquisas publicadas em revistas especializadas, como The American Journal of Clinical Nutrition e Nature Food, apontam que os laticínios, quando consumidos de forma moderada, podem até contribuir para reduzir o risco de doenças cardiovasculares. Isso ocorre porque seus nutrientes interagem de maneira complexa no organismo, o cálcio, por exemplo, ajuda a equilibrar a absorção de gorduras, e as proteínas do leite são consideradas de alto valor biológico.
Além disso, o impacto do leite na dieta infantil e em populações mais idosas é amplamente reconhecido. Em crianças, ele contribui para o desenvolvimento muscular e ósseo, enquanto em idosos ajuda a prevenir a perda de massa magra e a fragilidade. No entanto, os especialistas destacam que é fundamental respeitar as individualidades metabólicas: quem sofre de intolerância à lactose pode optar por versões sem lactose, iogurtes com culturas vivas ou alternativas vegetais fortificadas.
No fim das contas, o leite não é um vilão nem um milagre, é apenas um alimento com papel importante dentro de uma alimentação equilibrada e baseada em evidências científicas.
Adaptado para eDairyNews, com informações da BBC Mundo.






