O leite e seus derivados acompanham a alimentação humana há milênios. Desde o início da pecuária, o leite de vaca tornou-se um alimento essencial e versátil. Nos últimos anos, porém, tem sido alvo de desconfianças: faz mal ao coração? aumenta o muco? engorda? Para responder a essas perguntas, a FedeLeche, com base em uma revisão conduzida pelo falecido professor Sergio Calsamiglia, da Universidade Autônoma de Barcelona, reuniu estudos científicos que esclarecem os principais mitos em torno do consumo de lácteos.
Mito 1: “O leite aumenta o colesterol e prejudica o coração”
Ao contrário do que muitos acreditam, os efeitos do leite sobre o colesterol são mínimos e temporários. Pesquisas mostram que consumidores regulares de leite e derivados têm 17% menos risco de doenças cardiovasculares em comparação com quem evita o produto.
Mito 2: “Quem quer emagrecer deve cortar o leite”
Falso. Em dietas com restrição calórica, pessoas que incluíram lácteos perderam até 10% mais peso do que aquelas que os eliminaram. O cálcio e os peptídeos bioativos do leite ajudam a queimar gordura e promovem saciedade.
Mito 3: “O leite provoca diabetes tipo 2”
Na verdade, o efeito é o oposto. O leite possui baixo índice glicêmico e pode auxiliar no controle do peso e na prevenção da diabetes tipo 2. Segundo a revisão, consumidores habituais de lácteos apresentam 67% menos risco de desenvolver a doença.
Mito 4: “O leite causa câncer”
Os estudos não encontraram relação direta entre o consumo de leite e o aumento de risco de câncer. No caso do câncer colorretal, o leite mostrou efeito protetor de 26%, graças ao cálcio e ao ácido linoleico conjugado presentes nos produtos de ruminantes. Já no câncer de mama, não há evidências de efeito positivo ou negativo.
Mito 5: “O leite aumenta o muco e piora a asma”
Este é um dos mitos mais persistentes. Ensaios clínicos em duplo-cego não mostraram relação entre o consumo de leite e a produção de muco ou crises de asma. Portanto, não há razão científica para eliminar o leite da dieta por essa crença.
Mito 6: “O leite é uma das principais causas de alergia”
Embora a proteína do leite possa causar alergia, o problema é raro: afeta de 2 a 6% das crianças e apenas 0,1 a 0,5% dos adultos. Além disso, muitos pequenos superam a alergia com o tempo. O mito se fortaleceu por diagnósticos equivocados e informações imprecisas.
Mito 7: “A intolerância à lactose é muito comum”
Parcialmente verdade. A intolerância existe, mas não é tão disseminada quanto se pensa. Em países como a Espanha, ela afeta entre 11% e 15% da população adulta. Para quem tem o problema, há opções seguras: leites sem lactose, iogurtes e suplementos de lactase.
Mito 8: “O ser humano é o único mamífero que consome leite na fase adulta”
É verdade mas isso não significa que seja prejudicial. O leite continua sendo um alimento completo e funcional, que fornece proteínas, cálcio, vitaminas e gorduras saudáveis quando consumido com equilíbrio.
Recomendações de consumo
Especialistas da FedeLeche sugerem 2 a 3 porções diárias para adultos e 3 a 4 porções para crianças, gestantes, adolescentes, mulheres pós-menopausa e idosos. Uma porção equivale a um copo de leite, dois iogurtes, 80 g de queijo fresco ou 30 g de queijo curado.
Um chamado à ciência e à moderação
O levantamento da FedeLeche reforça que muitos dos mitos sobre o leite não têm base científica. O segredo está no consumo consciente, dentro de uma alimentação variada e equilibrada. O leite não é vilão é um aliado da saúde quando escolhido e consumido com informação.
O papel do leite em uma dieta sustentável
Além dos benefícios nutricionais, o leite desempenha um papel importante na sustentabilidade alimentar. A pecuária leiteira contribui para o aproveitamento de terras não aptas para a agricultura e transforma recursos vegetais em proteína de alto valor biológico. Com os avanços tecnológicos e o compromisso do setor em reduzir emissões, o leite se consolida como um alimento essencial e cada vez mais sustentável. Os especialistas enfatizam que o foco deve estar na qualidade do produto e na produção responsável, garantindo o bem-estar animal, a eficiência energética e a preservação ambiental.
Adaptado para eDairyNews, com informações de FedeLeche






