Vanessa explica ainda que o sistema de produção do leite orgânico é diferente da produção do leite convencional e segue uma regulamentação própria do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A produção é a mais natural possível e preza pelo bem-estar animal.
“O leite orgânico é um sistema de produção diferente do convencional. A produção é regulamentada e tem um manejo ambiental, social e dos animais diferenciado. O produtor precisa se adequar a diversas características técnicas como, por exemplo, fertilidade do solo em sistema orgânico, adubação verde, rotação de culturas, sem o uso de produtos químicos. A lista de exigências é ampla e até mesmo a higiene na hora da ordenha deve ser feita com produtos diferenciados, sem o uso de químicos”.
A saúde animal também é um ponto muito bem trabalhado. Para o tratamento de doenças dos animais é usada a homeopatia e fitoterápicos.
“Os cuidados com o rebanho são muito mais preventivos, voltados para uma melhor imunidade. Mas, quando necessário, é permitido tratar o animal com medicamentos como antibióticos. Porém, a produção de leite da vaca fica um período sem ser captado, que varia conforme o medicamento usado”.
Para se obter melhor resultado, segundo Vanessa, a maioria dos pecuaristas que produzem o leite orgânico já utiliza animais adaptados para o sistema, sendo mais resistentes, com boa produtividade e podendo trabalhar a pasto.
Toda a produção orgânica precisa ser muito bem planejada e estruturada e, após atender ao regulamento, deve passar pelo processo de certificação.
“Depois que o produtor adequar todo o sistema ao regulamento técnico, ele deverá buscar a certificação do Mapa ou de empresas particulares para ter o selo de orgânico Brasil. Depois de ingressar no processo para a certificação, a propriedade passa por um período de conversão. São 12 meses para a área produtiva ser considerada orgânica e seis meses para os animais”.
Dentre os desafios enfrentados está a dificuldade de produção de insumos para a alimentação do rebanho. “O milho e a soja utilizados devem ser orgânicos e não transgênicos, o que é muito difícil de ser produzido ou encontrado. Por isso, antes de começar a produzir o leite orgânico, tem que estruturar a cadeia de fornecedores. O produtor também pode produzir a alimentação”, explicou.
Outro desafio é a rede de captação e processamento do leite, que deve ser feita por empresas que têm a produção orgânica.
“O produtor tem que procurar a base de comércio para a produção, tem que ter uma empresa de captação e um laticínio que receba o leite orgânico. No Brasil, já temos a Danone e a Nestlé que estão se especializando neste nicho”.
Superados todos os desafios, ao contrário da produção de leite convencional, o leite orgânico tem mais valor agregado e garante rentabilidade ao pecuarista.
“O valor agregado do leite orgânico é alto e tem um mercado crescente. O valor fica bem acima do tradicional e o custo é mais barato, uma vez que o sistema é auto suficiente”.
Ainda segundo Vanessa, normalmente, as unidades produtoras orgânicas têm uma maior variedade de produtos como frutas, legumes, produção de ovos e até café.