É importante mencionar que esse contexto de oferta limitada também está relaciona à manutenção, até fevereiro, da tendência de queda nas importações e de aumento nas exportações de lácteos. A maior disputa pela compra de leite cru, por sua vez, está associada a um conjunto de fatores que vem limitando a produção.
De um lado, a retração da demanda no último trimestre do ano passado levou a consecutivas quedas nos preços do leite ao produtor, desencorajando investimentos na atividade. Ao mesmo tempo, os custos de produção permanecem alta, corroendo as margens do produtor. Não se pode deixar de mencionar também que os efeitos do fenômeno La Niña, com fortes chuvas no Sudeste e estiagem no Sul, impactaram negativamente a qualidade das pastagens e da silagem, prejudicando a alimentação do rebanho e adiantando o período de entressafra da produção.
Nesse contexto, os investimentos na pecuária leiteira têm sido comprometidos, com perda no potencial produtivo do País. Com custos de produção em alta, as indústrias de laticínios forçaram o repasse do aumento do preço da matéria-prima nas negociações com os canais de distribuição. A pesquisa do Cepea mostra tendência de valorização dos lácteos negociados pela indústria com o atacado do estado de São Paulo em fevereiro e em março.
Apesar de a demanda ter absorvido essas altas no período, os agentes se preocupam com a sustentação desse movimento, tendo em vista a perda no poder de compra do consumidor brasileiro.