A expectativa era que o estado produzisse 3 bilhões de litros, como no ano passado, mas captação apresenta recuo em março e situação deve piorar em abril

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Foto: Kéke Barcelos/Embrapa Pecuária Sul

A produção de leite em Santa Catarina deve recuar em 2020, refletindo os problemas gerados pela estiagem prolongada no estado e também pela pandemia do novo coronavírus, segundo a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). A expectativa é de que o estado produzissse 3 bilhões de litros, mesmo volume de 2019.

Somente no mês de março, a captação catarinense registrou queda de 4% em relação ao volume estimado de produção, de 227,5 milhões de litros. No acumulado de abril, a retração está projetada em 8%, frente à perspectiva de produção de 214,5 milhões de litros, ainda conforme levantamento do analista de leite da Epagri, Tabajara Marcondes.

“Com isso, temos uma queda na produção, porque as vacas estão comendo menos. O potencial produtivo não está sendo utilizado na sua totalidade, pois não há dinheiro para a compra da ração. A atividade está trabalhando no vermelho há algum tempo, o que tem feito com que mil a 1.500 produtores deixem a atividade todos os anos no estado”, explica o vice-presidente.

Os produtores de leite ainda amargam mais um custo: o do abastecimento de água nas propriedades rurais com caminhões-pipa. Desde junho de 2019, o estado enfrenta a pior estiagem dos últimos anos, afetando, especialmente, as regiões extremo oeste, oeste, meio-oeste, planalto sul, planalto norte e alto Vale do Itajaí. Situações semelhantes foram registradas apenas em 1978 e 2006, conforme dados da Epagri.

Além da estiagem, o setor leiteiro ainda sofre com a queda no consumo, um dos reflexos da pandemia do novo coronavírus. De acordo com dados da Faesc, o estado possui mais de cem pequenos laticínios, que produzem queijos, um dos produtos mais afetados diante do fechamento de bares e restaurantes. “A retração no consumo devido à Covid-19 é muito forte, os produtos lácteos são os primeiros a deixarem de ser consumidos quando a renda de uma família é impactada”, afirma Barbieri.

Enquanto isso, o Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados de Santa Catarina (Sindileite/SC), divulgou um documento para alertar os produtores. “É preciso que sejam realizadas avaliações criteriosas da gestão das atividades, redução dos custos de produção, administração de despesas e controle de produção, a fim de minimizar os impactos rigorosos que possamos vir a sofrer em nossos negócios nos próximos meses”, diz.

O presidente do Sindileite/SC, Valter Antônio Brandalise ainda pondera que a preocupação da entidade é deixar o setor funcionando. “Não queremos deixar nenhum produtor de fora da captação do leite”, completa.

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