Uma nova estrela no mercado de lácteos
Em meio à popularidade dos leites vegetais e produtos à base de plantas, uma nova tendência está ganhando força nos Estados Unidos: o leite ultrafiltrado. Diferente das bebidas alternativas, essa inovação utiliza leite de verdade, mas passa por um processo de filtragem avançado que melhora sua composição nutricional.
Marcas como Slate Milk e Fairlife lideram essa transformação, oferecendo um leite de “última geração”, mais rico em nutrientes, com menos lactose, menos açúcar e muito mais proteína.
O que é leite ultrafiltrado e como ele é produzido?
O leite ultrafiltrado é obtido por meio de uma técnica chamada ultrafiltração por pressão, que separa compostos menores da bebida, como água, lactose, minerais e vitaminas hidrossolúveis (como as do complexo B).
O que resta é um líquido concentrado em nutrientes essenciais, com destaque para as proteínas do leite, cálcio e vitaminas lipossolúveis como A e E — fundamentais para imunidade, visão e saúde da pele.
Esse processo atende a uma demanda crescente de consumidores que buscam alimentos mais funcionais, com alto valor nutricional e menos elementos que causam desconforto digestivo, como a lactose.
Comparação nutricional: por que é considerado melhor?
Veja a comparação entre uma xícara (240 ml) de leite comum e uma de leite ultrafiltrado:
Nutriente | Leite comum | Leite ultrafiltrado |
Proteína | 8 g | 13 a 18 g |
Cálcio | 300 mg | até 500 mg |
Açúcares (lactose) | 12 g | 6 a 9 g |
Algumas versões são ainda fortificadas com vitaminas e minerais, o que torna o produto ainda mais interessante do ponto de vista funcional e esportivo.
Para quem o leite ultrafiltrado é ideal?
Embora seja adequado para a maioria das pessoas, esse leite é especialmente recomendado para três grupos:
- Intolerantes à lactose:
A retirada quase completa da lactose evita sintomas como inchaço, gases e diarreia. - Atletas e praticantes de atividades físicas:
O alto teor de proteína contribui para recuperação e regeneração muscular, sendo ideal para consumo pós-treino. - Pessoas com diabetes ou controle glicêmico:
Com menos carboidratos e sem açúcar adicionado, é uma opção mais segura do que o leite tradicional.
Atenção: Pessoas com alergia à proteína do leite não devem consumir o produto, pois a ultrafiltração não elimina as proteínas alergênicas, como a beta-lactoglobulina.
Sabor, textura e validade
O leite ultrafiltrado tem uma textura mais cremosa e um sabor levemente adocicado, mesmo sem adição de açúcares. Isso ocorre porque a lactose é metabolizada durante o processo.
É possível usá-lo normalmente em receitas — como bolos, panquecas, molhos e cafés — sem alterar o sabor final. Na maioria dos casos, a diferença em relação ao leite comum é quase imperceptível.
Sua validade também é superior. Como muitos produtos são ultrapasteurizados, podem durar até 14 dias na geladeira após abertos, enquanto o leite tradicional dura cerca de 7 dias.
Preço e acessibilidade
O principal desafio ainda é o preço mais alto. Os motivos incluem:
- Tecnologia de processamento mais complexa e cara
- Menor escala de produção (produto de nicho)
- Embalagens especiais para conservação
No entanto, com o crescimento da demanda e a entrada de novos fabricantes, os custos tendem a se reduzir, tornando o produto mais acessível nos próximos anos.
Tendência de curto prazo ou revolução de mercado?
O leite ultrafiltrado ainda representa uma fatia pequena do mercado lácteo dos Estados Unidos, mas seu crescimento é rápido e consistente. Marcas como Slate Milk vêm recebendo milhões de dólares em investimentos para expandir sua distribuição e criar novos produtos — incluindo shakes proteicos e sabores como caramelo, cookies & cream e morango.
Esse “superleite” oferece uma resposta equilibrada à busca por alimentos que combinem sabor, funcionalidade e saúde. Em um mercado cada vez mais orientado por escolhas conscientes, ele surge como um forte concorrente das bebidas vegetais e da própria leiteira tradicional.
Para que essa tendência ganhe força em países como o Brasil, será preciso investir em educação do consumidor, redução de custos e adaptação tecnológica. O cenário é promissor.
Adaptado para eDairyNews, com informações de Gazeta SP