Às vezes falta a compreensão de que algo tão maléfico esteja presente no rebanho já que não podemos enxergar o inimigo, mas, basta notarmos a redução na produção do leite e a alteração na CCS (CCS > 200 mil células/ml) para enfim aceitarmos que a conduta no dia a dia necessita de reparos.
É interessante ressaltar que a prevalência de mastite subclínica é maior do que de mastite clínica, sendo aproximadamente 90 a 95% dos casos (SANTOS; FONSECA, 2019). Ainda segundo os autores, os agentes causadores da mastite subclínica podem ser divididos em contagiosos e ambientais e dentre as bactérias que causam a mastite subclínica contagiosa, foco principal deste artigo, podem ser listados como principais, o Staphylococcus aureus, Streptococcus agalactiae, Corynebacterium bovis e menos frequentemente Mycoplasma spp.
Bactérias contagiosas normalmente são mais adaptadas à vaca e causam infecções persistentes sem sintomas clínicos graves. É por isso que é importante outros tipos de monitoramento para rastrear o problema.
Segundo Eduardo Pinheiro, Diretor Técnico da OnFarm, dados da comunidade OnFarmer apontam que as bactérias Staphylococcus aureus e Streptococcus agalactiae, juntas, representaram quase 35% dos agentes causadores de mastite subclínica em vacas com CCS alta, pós parto e na secagem (Figura 1). Quando abordadas as análises apenas de vacas com CCS alta, essa porcentagem sobe para 40%.
Por curiosidade, é interessante destacar que mesmo com ótima resposta à antibioticoterapia, o Streptococcus agalactiae é uma bactéria gram-positiva estritamente contagiosa entre as vacas. Já a mastite causada por S. aureus caracteriza-se por baixa taxa de cura e a alta resistência aos antibióticos. As vacas infectadas atuam como fontes de infecção permanente e o S. aureus pode ser transmitido durante toda a lactação.
E como ocorre a transmissão da mastite subclínica contagiosa?
A principal maneira dos animais contraírem a mastite subclínica contagiosa é por meio de uma vaca doente através do processo de ordenha ou entre os quartos do teto infectados. Assim, é importante a fazenda se atentar a detalhes que fazem toda a diferença, como:
- higiene constante da mão do ordenhador, dos utensílios (como as teteiras), dos animais e do ambiente;
- manejo das toalhas para a secagem dos tetos e do pré e pós dipping. Dar preferência para as toalhas descartáveis e evitar uso múltiplo;
- oferecer treinamento da equipe de ordenha;
- realizar tratamento preventivo na secagem de vacas;
- se atentar às flutuações de vácuo na ordenha que forçam a entrada da bactéria no canal do teto;
- evitar a presença de moscas (estudos apontam que a mosca do chifre – Haematobia irritans – é capaz de transmitir aureus).
De acordo com Santos e Fonseca (2019), os novos casos de mastite se estabelecem quando há a entrada de microrganismos, através do canal do teto, invadindo a glândula mamária, a partir da colonização da pele ou do canal do teto entre as ordenhas, por uma inversão de fluxo de leite durante a ordenha ou introdução de cânulas contaminadas durante o tratamento intramamário.
De quebra, todas essas práticas para afastar a enfermidade também contribuem com melhorias no bem-estar do rebanho e reforçam o trabalho da equipe que, focada no mesmo propósito, alcança resultados satisfatórios com muito mais fluidez.
E como a cultura na fazenda contribui para o controle da mastite subclínica?
A cultura na fazenda identifica as fontes de infecções das bactérias e seleciona as vacas que realmente necessitam de tratamento. A grande maioria das bactérias contagiosas está presente na forma subclínica da mastite e o intuito da cultura na fazenda é que elas não passem despercebidas, não sirvam de veículo e não comprometam os animais saudáveis.
Para o melhor entendimento do potencial problema das bactérias causadoras de mastite subclínica é recomendado o exame de cultura microbiológica do leite em animais que apresentarem CCS > 200 mil células/ml, e de todos novos casos de infecções subclínicas (CCS <200 mil na análise anterior e > 200 mil na análise atual), dos animais pós-parto (principalmente novilhas) e de mastite clínica.
Opção não falta para você caprichar na prevenção do rebanho e utilizar ferramentas que no dia a dia se tornem grandes braços direitos da propriedade. Conforme visto, temos muito espaço para erradicar a mastite subclínica contagiosa dos rebanhos brasileiros. Então, mãos à obra!
Como a OnFarm pode auxiliar os produtores na prevenção da mastite?
O produtor em primeiro lugar, sempre! Esse é o lema no qual a OnFarm se inspira para elevar a pecuária de leitera um patamar de excelência. O foco é monitorar e controlar a mastite de maneira sustentável e lucrativa resultando em mais saúde para as vacas e menos dor de cabeça para o produtor. O que move a OnFarm são as melhorias na qualidade do leite por meio das informações geradas na própria fazenda.
A empresa oferece uma solução simples, inovadora e única, que permite a identificação da causa da mastite em 24h, na própria fazenda (cultura microbiológica). E o que seria isso? A cultura na fazenda é uma ferramenta de característica precisa, dinâmica e ágil – na qual o produtor identifica os principais agentes causadores de mastite. A ideia da solução traz simplicidade e segurança para as análises na propriedade e com baixo custo operacional. Vários projetos de avaliação da tecnologia apontam para uma relação custo-benefício acima de 1:6; ou seja, a cada R$1,00 investido na tecnologia, o retorno é de R$6,00.
Valores estimados com base na quantidade de testes comercializadas no período de janeiro a julho de 2020 apontam que o impacto potencial da OnFarm no ano inteiro de 2020 na redução de uso de antibióticos foi de cerca de 54% no tratamento de mastite clínica, gerando 5,4 milhões de litros de leite não-descartados; 157 mil bisnagas de antibióticos não-utilizadas. Estima-se que a economia com o descarte de leite totalizou R$9,5 milhões e com a compra de antibióticos, foram poupados R$1,7 milhão. A economia total foi de R$11,2 milhões entre os OnFarmers avaliados.
Por Raquel Maria Cury Rodrigues, Zootecnista pela Unesp de Botucatu
Referências bibliográficas
SANTOS, M. V; FONSECA, L. F. L. Controle da Mastite e Qualidade do Leite: Desafios e Soluções. Pirassununga: Edição dos Autores, 2019. 301 p.