Preços do leite – A margem de rentabilidade dos produtores de leite brasileiros nesses três primeiros meses de 2019 foi melhor que no mesmo período de 2018. Na média nacional, de janeiro a março deste ano, o preço bruto recebido pelos produtores foi 32,3% mais elevado do que em igual período do ano passado.
Enquanto isso, o custo de produção, estimado pelo ICPLeite/Embrapa, aumentou 9,3% e a relação de troca leite/concentrado teve uma melhora de 19,7%, caindo de 42,4 litros para 34,1 litros de leite necessários para adquirir 60 kg de concentrado formulado a base de milho e farelo de soja. Uma situação vantajosa para os produtores, mas de aperto para a indústria. Conforme comentado na Nota de Conjuntura de março de 2019, embora os preços do leite UHT no atacado tenham iniciado janeiro com crescimento, a partir de fevereiro perderam força, ficando praticamente estáveis ao longo de março. Na comparação das médias do 1º trimestre de 2019 com igual período de 2018, o preço real no atacado subiu 0,5%, enquanto o preço real ao produtor aumentou 18,8%. Para o varejista, comparando as médias destes dois períodos, a situação foi mais favorável que para a indústria. Enquanto o preço de venda (preço pago pelo consumidor) cresceu 7,9%, o preço de compra (preço do UHT no atacado) cresceu apenas 0,5%. Em síntese, o primeiro trimestre de 2019 foi de margens mais atraentes para os produtores e varejistas e de aperto para a indústria. Já nos primeiros três meses de 2019, o preço real ao produtor subiu 21,9% e o indicador de margem do varejista (preço no varejo menos preço no atacado) ficou estável. Enquanto isto, o indicador de margem da indústria (preço no atacado menos preço ao produtor) recuou 22,3%.
Como a demanda está fraca devido a lenta recuperação da economia e a dificuldade de repasse de preços dos laticínios aos varejistas, os preços pagos aos produtores vão perder força nos próximos meses. Neste caso, as margens no campo, atraentes até o momento, tendem a diminuir nesse curto prazo. Na balança comercial de lácteos, após dois meses de crescimento, as importações voltaram a cair em março. A queda em relação a fevereiro foi de 37%, equivalente a internalização de 47,6 milhões de litros a menos em relação a fevereiro. Foram importados 81,6 milhões equivalentes litros em março contra 129,2 milhões em fevereiro. Alguns fatores podem explicar esta queda e certamente tiveram efeito aliado e acumulativo na redução da competitividade do leite importado em relação ao produto brasileiro. Entre eles vale mencionar: as incertezas na economia que levaram à desvalorização cambial de 3,4% em março (R$3,85/US$) em relação a fevereiro (R$3,72/US$); a valorização dos lácteos no mercado internacional quando na Oceania o leite em pó integral, nosso principal produto importado, na média subiu de US$3.024 em fevereiro para US$3.251 em março (aumento de 7,5%); e a desaceleração dos preços internos do leite UHT, leite spot e queijo muçarela.