Se de um lado indica um cenário promissor para algumas cadeias produtivas, de outro o Acordo Mercosul-União Europeia, assinado recentemente, exigirá do Brasil precaução para que alguns setores não enfrentam adversidades capazes de reduzir de modo significativo sua competitividade no mercado interno, em razão de subsídios e apoios concedidos pela UE aos seus produtores, alerta a Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul). Em nota técnica, a entidade aponta a necessidade de atenção para quatro segmentos: leite, cebola, olivicultura e vinhos.
A nota técnica da Farsul, assinada pelo agrônomo Róger Frederico Strauss, analista agropecuário e florestal, avalia as perspectivas para as cadeias produtivas do agro gaúcho com o acordo Mercosul-UE, mas também serve como sinalização para os estados em que a pecuária de leite, a cultura de oliveira e a produção de cebola e vinhos tenham importância econômica.
Abaixo, a análise apresentada na nota técnica da Farsul sobre esses quatro setores:
CEBOLA – A cebola da Europa, especialmente da Holanda, é produzida com subsídios do governo e pode entrar no Brasil a um preço mais baixo quando comparado aos níveis de preços nacionais. Em 2017, a cebola entrou na Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum – LETEC, tendo as importações taxadas em 25% para o ano de 2018, 20% a partir de 2019, 15% para 2021 e posterior retorno para a condição normal, com o intuito de melhorar as condições de concorrência do produto nacional. O acordo Mercosul-UE pode diminuir a competitividade da cebola nacional.
VINHOS – “Segundo o diretor do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Carlos Paviani, o acordo vai aumentar a importação do vinho europeu, que conta com subsídios e carga tributária inferior à do produto brasileiro. Por isso, o segmento cobra compensações, que incluem linhas de crédito e redução de taxas de juros.”
OLIVICULTURA – “A aplicação de mais benefícios aos azeites europeus pode ser uma ameaça ao desenvolvimento da ainda jovem olivicultura brasileira, motivo pelo qual o Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva), ainda no ano de 2018, havia protocolado pedido para que o Mapa intercede-se junto à negociação entre Mercosul-UE, a fim de evitar zerar a tarifa de importação do azeite de oliva.”