O clima adverso para o milho no Brasil voltou a puxar os preços do cereal na B3 neste início de semana. Os futuros do milho negociados na bolsa brasileiros subiram mais de 1% depois dos reportes de novas geadas sendo registradas no sul do país e que voltaram a prejudicar as lavouras. As perdas ainda estão sendo contabilizadas, porém, a oferta já é bastante ajustada e o episódio veio somente como uma forma de intensificar as preocupações.
“O efeito para o milho na B3 vem pelo reporte de alguns clientes de geadas na região sul do estado de São Paulo. Clientes do Sul e Sudoeste paulistas reportaram a ocorrência do evento em suas lavouras de milho que se encontram em fase de enchimento de grãos”, reportou a Agrinvest Commodities nesta segunda-feira (19).
Ao Notícias Agrícolas, produtores rurais de cidades do Paraná também registraram a ocorrência das intempéries e em municípios como Primeiro de Maio, o relato é de que essas geadas foram piores do que as observadas na primeira semana de julho.
O mesmo se deu em Iibiporã, também no norte paranaense. “Geada severa . Resta saber o grau do estrago, mas nas hortaliças e o que havia sobrado do milho com certeza afetou muito. Trigo em fase de risco também”, afirma Ricardo Ferreira, produtor rural no Paraná.
Ainda como relata Carli, em Coronel Vivida as perdas são superiores a 60% em função das primeiras geadas, no começo do mês.
Os prejuízos ainda não podem ser completamente contabilizados também porque mais geadas estão sendo previstas para esta madrugada de terça-feira (20) pelo Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) com intensidade de forte a moderada no Sul do Brasil, trazendo ainda mais tensão aos produtores rurais.
As temperaturas devem começar a subir apenas na sexta-feira (23) e até lá, todo o país continua com tempo muito seco. De acordo com o modelo de previsão de temperatura, as temperaturas mínimas devem ficar entre 4 e 6 graus em boa parte do Centro-Sul do Brasil.
Além da preocupação com o clima para a conclusão da safrinha, a colheita no Brasil segue se desenvolvendo de forma lenta, mantendo limitada a oferta disponível do grão no país. E assim, segue lento o ritmo de novos negócios no mercado nacional.
“Levantamento da AgRural mostra que 30% da área cultivada na região estava colhida até quinta-feira (15), contra 20% uma semana antes. Mas, o atraso no plantio e as temperaturas mais amenas, que têm dificultado a perda de umidade dos grãos no Paraná e em Mato Grosso do Sul, onde os trabalhos ainda são muito incipientes, mantêm o ritmo bem atrás dos 43% do mesmo período do ano passado”, explica, em nota a consultoria.
Além de toda a preocupação com a oferta escassa, uma nova disparada do dólar frente ao real também ajudou na valorização do milho no Brasil nesta segunda-feira. A moeda americana registra um ganho de quase 3% frente à brasileira para voltar a encostar nos R$ 5,25.
Assim, os preços do cereal também subiram no interior do Brasil, como em Tangará da Serra, no Mato Grosso, levando a referência aos R$ 80,00 por saca, ou em Cascavel, no Paraná, onde o indicativo teve alta de 1,09% para R$ 93,00. Base Campinas/SP, estabilidade nos R$ 100,00.
“Com o baixo estoque da produção de verão e as preocupações com a produtividade das lavouras de segunda safra que estão sendo colhidas, produtores seguem limitado a oferta de milho no spot nacional e priorizando as entregas dos lotes negociados antecipadamente. No geral, segundo pesquisadores do Cepea, os negócios no spot são pontuais, ocorrendo de acordo com a necessidade de compradores, que precisam ceder aos preços pedidos por vendedores”, informou o Cepea nesta segunda-feira.
BOLSA DE CHICAGO
Na Bolsa de Chicago, os futuros do cereal terminaram o dia com estabilidade e marcando apenas ligeiras altas de 0,25 a 0,50 ponto, levando o setembro a US$ 5,56 e o dezembro, referência para a safra americana, a US$ 5,52 por bushel.
O mercado acompanhou de perto a baixa generalizada das commodities nesta segunda-feira, contaminadas pela intensa aversão ao risco, porém, de outro lado, encontraram suporte nas adversidades climáticas que continuam a ser sentidas no Meio-Oeste americano e que neste momento podem ser bastante agressivas para o milho.
As previsões seguem indicando para as próximas semanas temperaturas elevadas, acima da média em importantes regiões produtoras, além de chuvas aquém da normalidade. Os mapas abaixo mostram as previsões para o período de 27 de julho a 8 de agosto.