O anúncio do lançamento de uma nova linha de crédito pelo BNDES para equalização das dívidas rurais não repercutiu bem entre lideranças da base agrícola.

O anúncio do lançamento de uma nova linha de crédito pelo BNDES para equalização das dívidas rurais não repercutiu bem entre lideranças da base agrícola. Por meio do Pro-CDD Agro – similar ao FAT Giro –, os tomadores de financiamentos passarão a ser os fornecedores de insumos, que os repassarão aos produtores, com taxa de 11% (TLP + 4,5%) ao ano e prazo de pagamento de cinco anos e dois anos de carência.

Para o produtor gaúcho Joel Dalcin, do Movimento Construindo Leite Brasil, essa modalidade só beneficiará as grandes revendas de insumos. “Para a maioria dos produtores inadimplentes e sem crédito a única saída é uma securitização de dívidas em longo prazo, com no mínimo três, quatro anos de carência e juros de 2% ao ano. Isso permitiria reestruturar a atividade e fazer caixa para poder conseguir pagar a securitização.”

Dalcin enfatiza que a taxa de juros de 11% ao ano é insustentável para o agronegócio, ainda mais com as atuais margens reduzidas e os altos custos de produção. “Essa linha de crédito”, diz, “não ajudará os produtores rurais, principalmente os dos setores de leite e de arroz, os mais endividados.” Muitos agricultores e pecuaristas, assinala, não conseguirão se enquadrar no perfil exigido para ter acesso ao financiamento, que será autorizado por meio de medida provisória nos próximos dias.

“A maioria tem dívidas em revendas por estar inadimplente em bancos. Mesmo regularizando as dívidas com as revendas, eles não voltarão a ter crédito bancário, porque continuarão sem poder pagar a conta do banco. Além disso, se estão inadimplentes nos bancos e na revendas, não liberarão dinheiro sem garantia. [No regime do patrimônio de afetação, será uma parcela da propriedade]. Se o produtor não tiver como pagar, vão executar a dívida.”

O produtor gaúcho considera a linha do BNDES muito complicada. “Não vejo essa modalidade de crédito como benefício.  Estão apresentando isso como uma grande coisa, mas, na realidade, vão ferrar ainda mais com o produtor e ajudar as grandes empresas, como sempre. Infelizmente, parece que esqueceram das promessas de campanha e voltaram à velha política. O produtor menos favorecido está sendo deixando de lado.”

“Só quem está sentindo na pele os efeitos das execuções judiciais por causa das dívidas adquiridas injustamente por falta de políticas públicas, principalmente em relação a importações de produtos como leite e arroz, que distorcem o mercado com a concorrência desleal, sabe do que estou falando”, afirma o produtor gaúcho.

A partir de segunda-feira, 18 de novembro, agricultores se mobilizam contra o acordo de livre-comércio entre a Europa e cinco países da América Latina, rejeitado pela França. François-Xavier Huard, CEO da Federação Nacional da Indústria de Laticínios (FNIL), explica a Capital as razões pelas quais o projeto enfrenta obstáculos.

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