O governo suíço e a Nestlé não mencionam que a rotulagem que haviam promovido anteriormente no México, que se tornou obrigatória em 2014, foi rejeitada pela Organização Mundial da Saúde.

A televisão suíça transmitiu recentemente uma reportagem sobre a intervenção do governo suíço contra as políticas de saúde no México. Expõe como o governo suíço seguiu os ditames da Nestlé, a maior empresa de produtos ultra-processados do mundo, para se opor a uma política recomendada por organizações internacionais ao nosso país, que sofre de uma das maiores incidências de excesso de peso, obesidade e diabetes.

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O que está claro nos documentos do governo suíço, obtidos através do acesso à informação pela Temps Présent, é que ela atuou como agente da transnacional contra a proposta de rotulagem de advertência no México, repetindo literalmente o que a empresa lhes ditou, ecoando seus argumentos.

O governo suíço já havia feito isso no Chile contra a rotulagem de advertência naquele país. O governo suíço também apoiou fortemente a Nestlé e as grandes empresas transnacionais de alimentos e bebidas da União Européia em 2010 para se oporem à rotulagem de semáforos. Antes do Parlamento Europeu, ele promoveu a chamada rotulagem GDA que nos seria imposta no México em 2014 durante a administração Peña Nieto. Deve-se lembrar que a Dra. Mercedes Juan esteve no Ministério da Saúde, tendo anteriormente chefiado a Funsalud, uma organização patrocinada pela Nestlé na área de nutrição.

Um artigo publicado na Suíça pela RTS cita: “O contra-ataque da indústria alimentícia a este projeto de lei apresentado para consulta no outono de 2019 foi organizado a partir de dezembro. Um e-mail da embaixada da Suíça na Cidade do México menciona uma reunião entre representantes da Nestlé, Ricola, Lindt & Sprüngli e autoridades suíças. O diálogo girou em torno do padrão, que foi descrito como “rigoroso” e “sem evidência científica”.

O governo suíço e a Nestlé não mencionam que a rotulagem que haviam promovido anteriormente no México e tornado obrigatória em 2014 foi rejeitada pela Organização Mundial da Saúde/Organização Pan-Americana da Saúde, que não era compreensível pelos consumidores, que não era compreendida nem mesmo pelos estudantes de nutrição e que tinha um critério de açúcar quase o dobro da recomendação da OMS.

Nem o governo suíço e a Nestlé mencionam que a rotulagem de advertência estabelecida no México, que eles argumentam não ter base científica, foi endossada por agências das Nações Unidas na região, como a OPAS e a UNICEF, e pelo Instituto Nacional de Saúde Pública do país. Também não mencionam que se trata de uma rotulagem que as crianças pequenas que sabem ler já podem interpretar, enquanto que a que tinham promovido para estabelecê-la no México em 2014 não é sequer compreendida pelos estudantes de nutrição.

Em uma reunião com os funcionários do Ministério da Saúde do Chile, quando acabavam de implementar a rotulagem de alerta, perguntei-lhes sobre o nível de pressão das corporações contra esta medida. Foi o primeiro país a estabelecer tal rotulagem diante da oposição brutal da indústria. O que me disseram foi que não se tratava apenas de pressão corporativa, mas também de uma pressão muito intensa por parte das embaixadas, principalmente da Suíça.

A Nestlé é a única empresa transnacional que levou a Organização Mundial da Saúde a estabelecer um acordo internacional para acabar com suas práticas comerciais criminosas neste caso. Este é o Código Internacional de Comercialização de Substitutos do Leite Materno estabelecido para acabar com as práticas das empresas de leite materno, lideradas pela Nestlé, que haviam causado a morte de um grande número de bebês ao promover suas fórmulas como uma opção melhor do que a amamentação. Além da enorme diferença entre a qualidade inferior das fórmulas versus o leite materno, estas fórmulas foram induzidas a serem preparadas em populações que não têm acesso à água de qualidade e às condições higiênicas exigidas. O resultado, dezenas de milhares de mortes.

No caso dos documentos obtidos do governo suíço que se opõe à rotulagem de advertência na Organização Mundial do Comércio, não há menção de uma das principais preocupações da Nestlé: a nova norma proíbe o uso de caracteres nas embalagens de produtos com excesso de açúcares, gorduras, sódio, calorias, o que atrairia as crianças. A OMS solicitou a proibição de tais estratégias para induzir as crianças a consumir produtos não saudáveis.

No México, a Nestlé enviou a seus fornecedores um comunicado convidando-os a comentarem contra a nova regra de rotulagem, fazendo menção especial de que seria proibida a utilização de seus caracteres. Por que no México expressou isso como sua principal preocupação e não com o governo suíço? A única resposta é que esta postura fala da falta de ética da empresa, que não se importa em expor no México que ela está aproveitando a credulidade e inexperiência das crianças. Mas não quer expor isto à autoridade suíça.

A rotulagem entrou em vigor em um contexto extraordinário, o da pandemia, no qual é difícil avaliar seu impacto sobre as compras e o consumo. Entretanto, a rotulagem de advertência provocou a maior reformulação de produtos que já ocorreu no México através da regulamentação, reduzindo o teor de açúcar, gordura e/ou sódio em uma alta porcentagem dos produtos das grandes corporações.

O relatório conclui: “Mas o México não cedeu e a lei entrou em vigor. Após uma longa luta, as manobras da indústria não tiveram sucesso. A Nestlé cumpriu as novas regras. A multinacional disse à RTS que também havia mudado as receitas de vários de seus produtos no México para evitar as etiquetas de advertência. Um ganho mútuo para os consumidores mexicanos.

 

Traduzido com DeepL

Consumidores brasileiros têm se surpreendido com a alteração do nome do queijo nas embalagens. Essa mudança foi definida em um acordo entre União Europeia e Mercosul.

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