Um artigo de pesquisa recente, de autoria de uma equipe de pesquisadores de bezerros de renome mundial, declarou que há evidências que suportam o uso do colostro como tratamento precoce da diarreia em bezerros jovens. A ideia não é muito exagerada, considerando que o colostro tem sido usado para nutrição suplementar e tratamento de diarreia em humanos há séculos.
A diarreia continua sendo um desafio considerável na criação de bezerros leiteiros pré-desmamados, causando 56% das doenças e 32% das mortes, com a maior incidência na segunda semana de vida. Pesquisas anteriores mostraram que um único caso de diarreia custa mais de US$ 50 por bezerro e que cerca de 5% dos bezerros afetados não sobrevivem.
Nos animais que se recuperam da diarreia, a incidência ainda os acompanha pelo resto de suas vidas. Estudos de pesquisa mostraram que uma novilha de reposição que teve diarreia terá cerca de 50 g/dia a menos de ganho médio diário; 10% a menos de produção de leite na primeira lactação; e uma probabilidade três vezes maior de parir após os 30 meses de idade.
Outra estatística preocupante: entre os bezerros nos EUA que sofrem de diarreia, cerca de 75% recebem tratamento com antibióticos. Em muitos casos, o agente causador é um vírus ou protozoário que não responde aos antibióticos.
Os pesquisadores temem que os animais que recebem antibióticos no início da vida sofram alterações duradouras em sua microbiota intestinal. Além disso, há preocupações da sociedade com relação ao uso excessivo de antibióticos em animais alimentados, o que contribui para a resistência aos antibióticos.
O colostro poderia ser a resposta da Mãe Natureza para o impacto confuso da diarreia. Os pesquisadores já sabem que o fornecimento de quantidades adequadas de colostro de alta qualidade imediatamente após o nascimento protege os bezerros contra a diarreia. Eles também descobriram que, mesmo após o fechamento do intestino, o fornecimento de quantidades parciais de colostro (leite de transição) reduz a incidência de diarreia.
A adição de colostro seco ao substituto do leite também demonstrou reduzir a necessidade de tratamento com antibióticos em mais da metade, graças à redução da incidência de diarreia, doença respiratória e doença do umbigo.
O que eles ainda não sabem de forma definitiva é se o colostro poderia servir como um tratamento eficaz para a diarreia quando a doença ocorrer. Mas eles têm fortes razões para acreditar que sim.
O colostro é repleto de vitaminas A, D, E e B, além de altos níveis de minerais essenciais. Em comparação com o leite de vaca comum, ele tem mais de 100 vezes mais imunoglobulinas que protegem contra doenças. A gordura colostral é rica em energia e contém lipídios essenciais que podem ajudar os bezerros a combater doenças.
Além disso, os oligossacarídeos do colostro podem ajudar a acalmar a inflamação intestinal e estimular o desenvolvimento de bactérias “boas” no sistema digestivo. Além disso, o colostro bovino contém centenas de compostos bioativos, incluindo a lactoferrina, que demonstrou prevenir a sepse em bebês e bezerros humanos.
O próximo passo para explorar o potencial empolgante do colostro seria uma pesquisa sobre o impacto direto do tratamento com colostro na diarreia clínica e – se for eficaz – como os protocolos de tratamento devem ser estruturados.
O uso do colostro para tratar a diarreia seria uma opção simples, não antibiótica e altamente econômica. É bem possível que um problema sério de saúde e desempenho de bezerros possa ser resolvido com um recurso prático e interessante que sempre esteve disponível para nós.