Uma prova singela mostra o empenho dos pequenos produtores, órgãos públicos e setor privado para alavancar a produtividade

Pelo terceiro ano consecutivo, durante a Expoagro de Cáceres, MT, promovida pelo Sindicato Rural no mês de setembro, produtores de leite do município levaram suas melhores bezerras para um concurso de padrão racial no Parque de Exposições da cidade. Os animais, a maioria três quartos ou cinco oitavos Girolando (havia ainda três exemplares Gir Leiteiro e um Caracu), são separados por idade: até 1 ano e de 1 a 2 anos. Graças a alguns convênios com órgãos públicos e o apoio financeiro do Fundo da Qualidade, Produtividade e Segurança Alimentar do Leite de Mato Grosso (FQPS Leite MT), os animais são transportados e alimentados na semana do evento sem nenhum custo para os produtores, que se esforçam para passar algum tempo na feira, mas sempre preocupados com os afazeres na propriedade. “Produtor de leite não tem fim de semana, feriado, nem tira férias. É o ano inteiro “garrado” no batente”, diz um dos participantes.

Este ano, o evento reuniu dez produtores, uma mostra das 350 famílias que se dedicam à atividade no município. Cada um levou entre duas e seis bezerras, escolhidas a dedo e na medida do possível preparadas para enfrentar a pista de julgamento. Mais que uma competição, no entanto, o concurso visa congregar os produtores, possibilitar a troca de ideias, o aporte de informações técnicas e, como não podia deixar de ser, promover uma confraternização entre eles, o que raramente ocorre em função da atividade intensa que se desenvolve nas fazendas e sítios onde se produz leite.

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Paulo César Batista

O produtor Paulo César Batista, proprietário da Fazenda São Jorge, levou quatro animais, duas bezerras com menos de um ano, uma três quartos e outra cinco oitavos, e duas maiores de um ano, também nas duas categorias de grau de sangue. Faturou alguns troféus, mas segundo ele não é o mais importante: “Participar do evento é muito gratificante, porque você vê a evolução do gado de leite como um todo na região, através do melhoramento genético, e isso agrega valor, agrega conhecimento. Aqui o pequeno produtor entende que o melhoramento genético é possível, é necessário, e que vai fazer a diferença na sua produção e dar um resultado positivo lá na frente. Tudo isso, além do entrosamento dos produtores, é muito bom”.

Segundo ele, no entanto, não basta a genética para que a atividade leiteira seja satisfatória. “São três pilares: genética, alimentação e manejo. Se você tiver essas três bases, você parte pro abraço”. Mas tem um senão: Batista considera que o produtor de leite é por natureza uma pessoa feliz, por lidar com animais dóceis, que produzem um alimento tão importante; mas essa felicidade não chega no bolso. “Eu larguei de produzir leite seis vezes, estou na sétima edição”, ri. “Sou apaixonado pelo gado leiteiro, sou apaixonado pela atividade, ela bate no meu coração. Eu sou mineiro, então eu trago as minhas raízes, quero ver se desta vez não largo mais”. E completa: “mas qualquer atividade tem que te dar um resultado financeiro, além do prazer, pra te dar cobertura. Então, além da produtividade, além da genética, além do manejo, você tem que ter um resultado financeiro porque senão você não suporta”.

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Douglas (à esquerda) com a nora e o filho, também produtor de leite

Douglas Castrillon, técnico da Empresa Mato-grossense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Empaer) e organizador do evento, explica que a ideia surgiu há quatro anos, para promover o melhoramento genético do rebanho leiteiro do município de Cáceres, cuja produtividade era baixíssima. “Mas antes mesmo do melhoramento genético a gente procurou trabalhar os seguintes pilares: nutrição, ambiente, sanidade e manejo. A partir do momento em que houve uma assistência técnica efetiva junto a esses produtores, aí sim se iniciou o planejamento do melhoramento genético, buscando aumentar a produtividade do rebanho através de acasalamentos dirigidos.”

Ele considera que neste terceiro ano já se vê com nitidez os resultados do projeto. “Tem animais que passaram por aqui e hoje as filhas estão concorrendo. Algumas bezerras, fruto dos acasalamentos orientados, estão sendo inseminadas com 14 meses, embora a média seja de 16 meses. Tudo é muito rápido, e a eficiência é muito alta. O crescimento é absurdo.”

Uma única vaca, com bezerra de um mês ao pé, parecia simbolizar o entusiasmo de todos os participantes: estava produzindo 35 litros em duas ordenhas, em regime de pasto com suplementação, numa das secas mais rigorosas de que se tem notícia.

Ouça a entrevista com o juiz da prova, Paulo Ribeiro de Barros

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