A Embrapa Gado de Leite levou ao ar no Youtube da Embrapa o debate sobre o papel da sanidade animal na fazenda do futuro
A Embrapa Gado de Leite levou ao ar no Youtube da Embrapa o debate sobre o papel da sanidade animal na fazenda do futuro

A Embrapa Gado de Leite levou ao ar no Youtube da Embrapa o debate sobre o papel da sanidade animal na fazenda do futuro. Parte do movimento Ideas for Milk, a live, mediada pelo pesquisador da Embrapa, especialista em nanotecnologia, Humberto Brandão, reuniu três grandes nomes do setor leiteiro nacional: Enrico Ortolani (professor da Universidade de São Paulo – USP), Sérgio Soriano (gerente de pecuária da Fazenda Colorado, maior produtora de leite do Brasil) e Nivaldo Granado (diretor da unidade de grandes animais da Boehringer Ingelheim).

Abrindo o debate, Ortolni iniciou sua visão sobre a fazenda do futuro, retornando ao passado. O professor lembrou que em 1975 o Brasil tinha uma produção de leite que considerou “vergonhosa”, sendo um dos maiores importadores do mundo. Nos últimos 24 anos, houve uma grande revolução na pecuária leiteira nacional, com as margens de lucro diminuindo 15%. De acordo com o IBGE, em 14 anos saíram do setor 190 mil fazendas e o número de vacas ordenhadas diminuiu 1,3 milhão de cabeças. Esses números, aparentemente negativos, foi compensado pelo aumento de produtividade, da ordem de 47%, obtidos em uma década e meia.

Mas ainda existem grandes contradições no setor. “Há no país três tipos de fazendas: a tradicional, que produz de quatro a seis litros/vaca/dia; as fazendas que eram tradicionais e por meio de programas como o Balde Cheio se recuperaram e elevaram a produção para uma média de 12,4 litros/vaca/dia e as ‘Top 200’, com média de produção de 26 litros/vaca/dia”. Interpretando os números apresentados pelo professor, percebe-se o quanto o setor ainda passará por mudanças e terá que se adaptar a um mundo mais completivo. Para ele, o grande desafio da fazenda do futuro, em termos de sanidade, está na prevenção, reduzindo custos com medicamentos e elevando a produtividade.

O segundo a responder às provocações de Brandão foi Soriano. Realçando o papel do pequeno e médio produtor de leite brasileiro, responsáveis por grande parte do volume da produção nacional, ele vê no melhoramento genético o futuro do setor. Com base nas experiências da Fazenda Colorado, Soriano cita ainda a melhoria das taxas de reprodução dos rebanhos como o melhor aliado do produtor. “É preciso trabalhar fortemente para melhorar os índices de reprodução. A Fazenda Colorado melhorou de 10% para 22% a taxa de prenhez usando as técnicas simples”, realça. Com medidas práticas, utilizando técnicas simples, que estão no presente, ele ensina que é preciso se certificar de que a propriedade está livre de brucelose e tuberculose, além de reduzir a mortalidade ao parto, por meio do treinando da mão-de-obra – “Na Fazenda Colorado, reduzimos a mortalidade dos bezerros ao parto de 9% para menos de 3%, com treinamento das equipes”, diz.

“Neste ano a Fazenda Colorado atingiu a produção de 96 mil litros por dia e vendeu mais de 500 novilhas prenhas para parir; tudo isso numa fazenda de duas mil vacas”, comemora Soriano, exemplificando o que se pode obter com ações feitas cotidianamente. E deixa o recado: “Faça o simples, mas faça todo o dia igual. “Não se deve mudar a toda hora, pois mudanças constantes faz com que você não saiba para onde está indo”.

Granado, concorda com os demais especialistas e diz que há um grande crescimento do mercado farmacêutico com novas tecnologias voltadas para a saúde e a reprodução animal. Além disso, diz que o futuro está na redução do número de vacas e de propriedades, apontando para uma grande pressão por competitividade. Muitas tecnologias já são uma imposição dessa competitividade. “Alguns anos atrás, o debate estava centrado no uso racional dos insumos farmacêuticos; hoje, a vacina é uma rotina. Utilizar as tecnologias que estão surgindo será outro desafio para os próximos anos”.

Investir na pecuária de diagnóstico é outra afirmação de Granado, coadunada por Ortolani. “Lançar uma nova molécula pode custar cerca de um bilhão de dólares” – o alto custo pode inviabilizar o investimento – “Estamos trabalhando com a mesma molécula há vários anos e não conseguiremos fugir da pecuária de diagnóstico e da pecuária de prevenção. A pecuária digital também foi um ponto abordado por Granado, que antecipou: “O que mais vai crescer na pecuária é o uso de dados que gerem valor para a cadeia produtiva (…) o que fará com que produtores abandonem a atividade é a falta de informação”.

Biosseguridade – As ideias de Granado vão ao encontro das de Soriano, para quem o grande salto das fazendas do futuro não será o antibiótico. “Precisamos reduzir o uso de antibióticos e apostar na medicina preventiva e na biosseguridade, gastando menos com sanidade a partir da prevenção como é o exemplo da Fazenda Colorado”. Granado emenda afirmando que a pandemia de Covid-19 vai dar grande impulso à biosseguridade nas fazendas. “A vida e o mundo mudaram e a pecuária leiteira no Brasil vai seguir por esses novos caminhos; a biosseguridade é um guarda-chuva completo”.

Ortolani cita a grande pressão global por sustentabilidade, afirmando que o mercado internacional usará cada vez mais os carimbos positivos e negativos num momento em que o Brasil ainda sofre com doenças antigas. “Há tecnologias presentes para melhorar o controle de brucelose e tuberculose nos rebanhos”. Pensar o futuro também significa fazer um acerto com o passado, resolvendo problemas antigos. Quanto à biosseguridade, Soriano completa, na mesma linha das questões simples de serem resolvidas: “Se o produtor não tiver cuidado com o que entra na propriedade, não terá condições de garantir biosseguridade para o consumidor”. Ele ainda introduz outra questão à sanidade do futuro: o bem-estar animal, que interfere significativamente na imunidade do rebanho.

A live completa pode ser vista no canal do Youtube da Embrapa, por meio do link: https://www.youtube.com/watch?v=sDxxM6h4QRU. A Embrapa Gado de Leite levará ao ar semanalmente (todas as terças-feiras, às 17h, até do dia 20 de outubro) um grande tema relacionado à pecuária de leite, debatido por especialistas do setor.

Ideas for Milk – O Ideas for Milk é uma idealização da Embrapa Gado de Leite, em parceria com Agripoint, KER Innovation, Ciatécnica, Texto Comunicação, que entra em sua quinta edição. E conta com o Patrocínio Diamante do Sebrae; Patrocínio Ouro da Tetrapak, Boehringer Ingelheim e TIM; Patrocínio Prata da Faemg/Inaes, Silemg, Vaccinar e Patrocínio Bronze da DSM/Tortuga, ABDI, CLASS, JA Saúde Animal, Nestlé, Piracanjuba, Vivalácteos, Belgo Bekaert e ABIQ. Apoio da Microsoft, Abraleite, Vivare, Revista Indústria de Laticínios e Revista Balde Branco. Além do Ideas for Milk Lives, o evento é formado pelo Vacathon, Caravana 4.0, Desafio de Startups e pelo Prêmio Ideas for Milk de Inovação. Além universidades brasileiras, participarão equipes de Portugal (Universidade de Évora), Angola (Instituto Superior Politécnico de Tecnologias e Ciências – ISPTEC) e Argentina (Bolsa de Commodities de Rosário).

A vaca é um dos animais mais importantes na produção de alimentos, sendo responsável por um dos itens mais consumidos no mundo: o leite.

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