As infecções, causadas principalmente por bactérias, são o motivo mais comum para o aparecimento de novos casos de mastite em rebanhos leiteiros. Essas bactérias chegam ao úbere de diferentes maneiras, sendo uma delas o próprio ambiente onde as vacas ficam. Desta forma, quando o reservatório principal das bactérias é o ambiente, temos o grupo de patógenos ambientais; ou seja, onde a transmissão ocorre do ambiente para a vaca.
Os principais patógenos ambientais são os coliformes e os Streptococcsus ambientais. Os grupos de coliformes são bactérias Gram-negativas, onde encontramos Escherichia coli, Klebsiella spp., Serratia spp., Citrobacter spp e Enterobacter. Já, no grupo de Streptococcus ambientais, as bactérias causadoras de mastite mais comuns são: Streptococcus uberis, Streptococcus dysgalactiae, Enterococcus spp. e Streptococcus canis.
Esses patógenos encontram-se no ambiente, principalmente em locais onde há o acúmulo de lama, esterco, barro. Sendo assim, o contato do úbere das vacas com o ambiente infectado pode levar a ocorrência de novos casos de mastite ambiental.
Como evitar a ocorrência
Para se evitar novos casos de mastite causados por patógenos ambientas, as duas principais armas são higiene e manejo!
Para a manutenção da higiene do úbere das vacas, deve-se dar atenção à limpeza das camas onde os animais deitam. Elas devem estar limpas, secas e confortáveis, para que não se tornem uma fonte de transmissão. Da mesma forma, a higiene e manutenção adequada das instalações das vacas em lactação, vacas secas e maternidade, bem como – é claro – da ordenha.
Um fator de extrema importância está associado à rotina de ordenha, onde é preciso atenção a todos os processos, para que seja possível a melhora contínua, de modo a se minimizar – cada vez mais – a ocorrência de novos casos de mastite.
Na rotina de pré-ordenha – quando o animal ainda está em preparação para a ordenha de fato – a condição de higiene do úbere é muito importante. O intuito dessa rotina é deixar os tetos limpos, secos e estimulados para que se possa colocar as teteiras. Normalmente, evita-se o uso de água nesse momento, para que a sujidade do úbere não acabe contaminando os tetos das vacas.
O descarte dos primeiros jatos de leite, além de ser importante para a detecção de mastite clínica, também serve para eliminar o leite com maior contaminação microbiana e estimular uma boa descida do leite.
Em seguida, o uso de pré-dipping é um dos processos mais importantes para a desinfecção dos quartos mamários, deixando-os em boas condições de limpeza (sem presença de matéria orgânica). Assim, há a redução do risco de uma possível nova infecção.
Esse manejo pode reduzir em 5 vezes a CBT (contagem bacteriana total do tanque), além de reduzir em 50% a chance de novos casos de mastite ambiental. Os principais produtos para essa desinfecção dos tetos são à base de iodo, peróxido de hidrogênio, clorexidina e hipoclorito de sódio. Cabe ressaltar que são necessários no mínimo 30 segundos de contato do produto com a pele do teto.
Após a desinfecção, deve-se realizar a secagem de cada teto, utilizando toalhas de papel ou então reutilizáveis. Então, com tetos limpos, secos e estimulados, é possível colocar o conjunto de teteiras e iniciar a ordenha.
Para a ordenha, é importante observar as condições de vácuo do sistema, assim como possíveis entradas de ar e deslizamentos de teteiras, o que também acaba sendo um fator de risco de uma nova infecção e/ou de possíveis aumentos de CBT.
Após a retirada do conjunto de teteiras, o uso do pós-dipping é o ponto principal para se evitar novas infecções, tanto de patógenos contagiosos como ambientais. Os desinfetantes “tipo barreira” podem reduzir novas infecções por patógenos ambientais.
Os principais produtos para a desinfecção dos tetos pós-ordenha são à base de iodo, clorexidina, hipoclorito de sódio, ácido láctico e dióxido de cloro. É muito importante aplicar a solução de pós-dipping em toda a superfície do teto.
De forma geral, para diminuir os riscos de um novo caso de mastite ambiental é preciso olhar para o manejo da fazenda como um todo. Desde a higienização das instalações até a rotina de ordenha, para que seja possível se entender a origem desses patógenos e, assim, manter não só a saúde dos animais, mas também a qualidade do leite.