Os preços do leite, em Minas Gerais, voltaram a retrair em dezembro. Conforme o levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), neste mês, referente à produção entregue em novembro, o pecuarista recebeu, em média líquida, R$ 1,35 por litro de leite, queda de 0,39% frente ao mês anterior e alta de 8,8% frente aos R$ 1,24 registrados em igual período de 2018. De acordo com o Cepea, devido à oferta limitada, a retração no valor pago pelo leite não foi tão expressiva como tradicionalmente acontece.

Para os próximos meses, as expectativas são cautelosas, principalmente por causa do aumento dos preços dos grãos neste final de ano, o que pode diminuir o potencial de crescimento da atividade.

Ao contrário de Minas Gerais, na média Brasil líquida, o preço do leite pago ao produtor em dezembro (referente ao volume captado em novembro) por litro teve ligeira alta de 0,3% frente ao mês anterior (indo a R$ 1,35) e aumento de 6,3% em comparação a dezembro de 2018.

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Restrição na oferta do leite no fim de ano contribuiu para menor queda no valor pago –
Crédito:Kéke Barcelos/Embrapa

Os pesquisadores do Cepea destacam que o intenso recuo que sazonalmente se observa no final do ano não foi verificado em 2019, devido ao fato de a produção não ter crescido como o esperado pelo setor lácteo. De acordo com pesquisas do Cepea, o Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) subiu apenas 2,25% de outubro para novembro.

Os pesquisadores explicam ainda que 2019 foi um ano atípico para o setor de lácteos. O período foi marcado por uma sustentação dos preços no campo, em decorrência da oferta limitada e do aumento da competição entre os laticínios para assegurar mercado. A valorização do leite aconteceu em um período de consumo retraído em função do alto índice de desemprego e do menor poder de compras da população.

Com todos esses fatores, o Cepea detalha que os preços pagos ao produtor não seguiram a tendência sazonal. Entre julho e agosto (pico de entressafra), houve queda nos valores, devido ao baixo consumo e às margens espremidas da indústria. Já no último trimestre (início da safra), o atraso das chuvas no Sudeste e Centro-Oeste limitou a recuperação da produção e as cotações ficaram praticamente estáveis, não apresentando as quedas significativas para o período.

Para o próximo pagamento, a expectativa é de preços firmes, já que vários fatores irão contribuir para que o aumento da produção não seja significativo. De acordo com o Cepea, o aumento dos preços dos grãos tende a diminuir o potencial de crescimento da atividade nos próximos meses. Além disso, as cotações atrativas no mercado de gado de corte têm incentivado o abate de vacas. A elevação nos preços de bezerro para reposição no mercado de corte também pode incentivar a criação desses animais em fazendas leiteiras, o que significa destinar parte da produção de leite para a alimentação desses animais.

Para janeiro, a expectativa do Cepea é de que o volume de captação em dezembro permaneça estável em relação a novembro, o que pode sustentar as cotações de janeiro.

Regiões – Ao longo de dezembro, foi registrado recuo nos preços do leite em três das cinco regiões produtoras de Minas Gerais. O maior foi verificado no Rio Doce. Com uma retração de 2,19%, o pecuarista recebeu, em média líquida, R$ 1,26 por litro.

Na região da Zona da Mata, o preço do litro de leite caiu 0,91%, sendo cotado, na média líquida, a R$ 1,27. Queda de 0,83% foi verificada no Triângulo e Alto Paranaíba, com o litro cotado a R$ 1,37.

Já no Sul e Sudeste foi verificada alta de 0,74% no preço do litro de leite, que foi negociado por R$ 1,39. Na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), em dezembro, o pecuarista recebeu pelo litro de leite R$ 1,32, aumento de 0,17% frente ao mês anterior.