Pastos para vaca de leite não são todos iguais

Para melhor rendimento das fêmeas é importante respeitar o seu momento reprodutivo oferecendo pastagem específica para suprir todas as suas necessidades nutricionais

O Brasil tem boa parte de seu rebanho leiteiro mantido em sistemas de criação extensivo, sendo o pasto a única fonte de alimento para as vacas, em muitas ocasiões. Nos últimos anos, o uso de pastagens para produzir leite ganhou maior relevância entre pecuaristas pelo fato de ser um método mais rentável diante da alta de outros insumos utilizados na alimentação.

Mas, para que traga benefícios, a pastagem deve ser cuidadosamente escolhida, levando em conta a produtividade e as necessidades da forragem, mas sem se esquecer das exigências e particularidades das suas categorias produtivas da pecuária de leite.

“Cerca de 70% dos custos com a pecuária leiteira estão relacionados à alimentação dos animais, por isso é importante saber quais os tipos de capim que melhor se adequam às condições climáticas regionais, ao volume de produtividade e que supram as necessidades energéticas, de vitaminas, proteínas e minerais do rebanho”, diz a engenheira agrônoma, Andreza Cruz, técnica em sementes da Soesp.

Diante disso, fica a questão: qual é o melhor pasto para a vaca de leite tomando como base sua categoria produtiva? De acordo com a especialista, a escolha da cultivar deve se basear nas características climáticas da propriedade, solo e na categoria produtiva. “Especificamente para o último aspecto, o manejo nutricional deve ser estabelecido de acordo com cada uma das etapas de vida do animal, tais como vacas em lactação; vacas secas; bezerras e novilhas”, acrescenta.

Bezerras

As bezerras, por exemplo, devem receber tratamento específico e uma pastagem de excelente qualidade, principalmente porque estão na fase de crescimento e desenvolvimento, além de representarem o futuro da produção. Neste caso, elas devem ser colocadas em uma pastagem que tenha um capim mais mole e com pouco talo, sem perigo de danos físicos com talos, caracterizado por elevados teores de proteína, baixos teores de fibra, boa digestão e boa aceitação: Panicum Massai, Panicum BRS Tamani, Brachiaria BRS Piatã e Brachiaria Marandu.

“O BRS Tamani seria a melhor opção, pela mais alta qualidade e porte baixo, poucos talos, porém ele é mais exigente em fertilidade, além de diminuir mais a produção em época de seca, diferente dos capins Piatã e Marandu, que são mais adaptados nesse quesito”, diz a engenheira agrônoma. “Vale reforçar que, assim como ocorre com os bezerros de corte, tanto a Brachiaria decumbens quanto a Brachiaria humidicola não devem ser utilizadas para bezerras leiteiras, pois são capins hospedeiros do fungo Pithomyces chartarum, causador de casos de fotossensibilização”, completa.

Vacas em lactação

Já as vacas em lactação precisam estar nas melhores pastagens, pois serão elas as verdadeiras produtoras de leite e bezerras, ou seja, quanto melhor for o pasto para ela, em produção, melhor será a qualidade e o volume do produto (leite e matrizes). Neste caso, algumas indicações de capins são: Panicum maximum BRS Quênia e o Panicum maximum BRS Zuri.

Segundo a técnica em sementes da Soesp, essas duas opções são interessantes pois têm maior potencial de acúmulo de proteína com alta produtividade, o que está diretamente ligado a qualidade do leite, gerando melhores resultados. “Somente o cuidado é com o manejo, principalmente o Zuri ou Mombaça, que podem facilmente passar da altura ideal de entrada (70 e 85 cm respectivamente) e formar talos, podendo causar danos aos animais e diminuir a eficiência de pastejo. O Quênia já não tem esse problema, pois produz bem menos talos, portanto, seu manejo é facilitado, porém é importante reforçar que o capim passado trará desuniformidade à pastagem e, consequentemente, menos lucros para o bolso do produtor”, afirma.

Ela acrescenta ainda que Piatã e Marandu também apresentam bom potencial para a produção de leite, podendo suportar uma boa lotação de vacas no período seco, sendo uma opção para esse período que os Panicuns não respondem tão bem. “Caso haja a oportunidade de fazer uma irrigação na área de Panicum spp eles irão responder muito bem enquanto tiver temperaturas altas, caso a região tenha um frio intenso em algum período, a irrigação não será eficiente, tendo que ser bem planejada para maior retorno do investimento”, diz a engenheira agrônoma.

Vacas secas

Por fim, quando comparadas às vacas em lactação, as secas têm 1,5 a 2 vezes menos exigências nutricionais, pois estão em um momento de descanso e recuperação. Assim, caso haja a necessidade de priorizar alguma categoria, elas podem ficar no final da fila, fazendo o repasse na pastagem, por exemplo.

Neste período, é ideal que a vaca não perca nem ganhe peso em excesso, estando pronta para a próxima lactação. “Algumas opções são pastos de Brachiaria spp. ou Massai, que têm relativamente menor qualidade nutricional, lembrando que todos os pastos têm que estar adaptados a todo o sistema e não somente à categoria animal”, finaliza a profissional.

Soesp – A Sementes Oeste Paulista está há 35 anos no mercado oferecendo sementes de pastagem. A empresa desenvolveu a tecnologia Soesp Advanced, um tratamento diferenciado no mercado, que traz diversos benefícios no plantio e estabelecimento do pasto, além de se adequar perfeitamente ao sistema de integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF).

Bryce Cunningham, um produtor de leite escocês, proprietário de uma fazenda orgânica em Ayrshire (Escócia), lançou um produto lácteo para agregar valor ao leite de sua fazenda, que é um produto de ótima qualidade, sem aditivos, e é um exemplo de economia circular.

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