Quem hoje vê o sorriso fácil do produtor de leite Juliano Aparecido Falquetto, de Nova Luzitânia (SP), não imagina que um ano atrás ele andava com a cara fechada, preocupado, pensando em parar a produção.

Quem hoje vê o sorriso fácil do produtor de leite Juliano Aparecido Falquetto, de Nova Luzitânia (SP), não imagina que um ano atrás ele andava com a cara fechada, preocupado, pensando em parar a produção. Na época, na Chácara Três Irmãos, de cinco hectares (ha), ele contava com duas vacas secas e nove em lactação, que produziam, em média, 70 litros de leite por dia.

O laticínio para o qual ele vende o produto pagava R$ 1,30 por litro, sendo que o custo era de R$ 1,10 – margem de lucro de R$ 0,20 por litro. Atualmente, são três vacas secas e 12 em lactação produzindo 190 litros de leite ao dia, o laticínio paga R$ 1,90 pelo litro e o custo é de R$ 0,96 – margem de lucro de R$ 0,94 por litro.

O que fez Falquetto acreditar e voltar a investir na atividade foi a participação no programa Bovinocultura Leiteira (Pró-Leite) promovido pelo SIRAN (Sindicato Rural da Alta Noroeste) em parceria com o Senar-SP (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), com o apoio da prefeitura municipal.

Ele aprendeu que o caminho era viabilizar a pastagem e a cana. O produtor passou a monitorar o solo por meio de análises e a fazer correções com abusos químicos e orgânicos. Essas ações, associadas à irrigação, aumentaram a produtividade de capim por hectare. E as vacas passaram a ter comida à vontade e de qualidade. “Eu entendi que estava agindo errado. Quando o preço pago pelo laticínio era baixo, eu diminuía o concentrado, parava de adubar os piquetes e com o volumoso no coxo, pois não tinha dinheiro para complementar a alimentação das vacas. Só que o pasto não era bem feito, e, no final das contas, não tinha comida para os animais. A produtividade caía. Tudo ia piorando. Hoje, eu penso diferente. Mudei todo o sistema, melhorei o pasto e fiz outras mudanças necessárias”, conta o produtor.

PRODUTIVIDADE

Com o solo corrigido e o capim mombaça irrigado, mais o plantio de 0,6 ha de cana, a produção diária média por vaca, que era de 7,7 litros de leite no ano passado, mais do que dobrou, passando a 15,8 litros. A produtividade, que girava em torno de 18 mil litros de leite por ha, ao ano, sendo necessários 8 mil metros quadrados (m2) de pastagem e 6 mil m2 de cana-de-açúcar, passou a 34 mil litros de leite por ha ao ano, contando com 1,3 ha de pastagem e 0,6 ha de cana de açúcar, sendo completado o volumoso do período de inverno, menor luminosidade e temperatura com briquete de algodão. “Agora, a minha ideia é aumentar ainda mais a produção, chegando a 350 litros de leite por dia”, finaliza Falquetto.

De acordo com o instrutor Ademir Pereira Martins Júnior, que é zootecnista, em 2019, nesta mesma época do ano, a saca de milho custava R$ 50,00, e a de farelo de soja, R$ 65,00. Hoje, com o milho a R$ 72,00 e o farelo de soja a R$ 160,00, Falquetto usa menos esses produtos e mais o pasto, reduzindo os custos. “E o melhor de tudo é que ocorre um aumento significativo de produção. No caso do Juliano, a propriedade tem lotação de 13 unidade animal (UA) por ha (13 vacas de 450 quilos), sendo que antes do programa era de 6 UA/ ha, e passavam fome”, comenta o instrutor.

Já em Buritama, no sítio Nossa Senhora do Livramento, de 15 ha, o produtor Rogério Theodoro Alfredo tem um rebanho com 26 vacas em lactação, seis vacas secas e sete novilhas. Ele, que produz leite desde 2011, maneja o rebanho em 2 ha irrigados, e 2,4 ha de cana-deaçúcar para serem ensiladas e usadas de abril a setembro. Antes do programa, a produção média diária girava em torno de 19,5 litros/dia, e agora é de 22,5 litros/ dia. O instrutor destaca a eficiência das vacas, que basicamente se alimentam de concentrado à base de milho, núcleo mineral vitamínico e só 5% de farelo de soja (anteriormente, o farelo de soja representava 36% da formulação). “O Rogério melhorou a qualidade da pastagem e aumentou a lotação. Antes, ele trabalhava somente com vacas no cocho. Atualmente, são 13,5 UA/ha”, diz Martins Júnior. “Deu certo quando passei a manejar o pasto e aperfeiçoar o uso da pastagem, assim como a irrigação. Hoje, tenho capim tifton 85, em 0,5 ha, e 1,5 ha com capim mombaça. Agora, o meu projeto para a propriedade é aumentar em mais um hectare a pastagem e plantar dois hectares de quiabo e melancia. Em relação ao rebanho, a meta é chegar a 40 vacas em lactação”, diz Alfredo.

PRÓ-LEITE E DIVERSIFICAÇÃO

No Estado de São Paulo, o programa existe há 13 anos e vem mudando a realidade de pequenos e médios produtores do Estado. “O programa visa exatamente isso, viabilizar o produtor, mostrando que, com pastagem e cana existe rentabilidade em propriedades leiteiras”, afirma Martins Júnior. Tanto em Nova Luzitânia quanto em Buritama, 12 alunos participaram do PróLeite neste ano.

O programa vai de fevereiro até novembro, com seis horas/aula por dia de atividade. Mas, neste ano, por causa da pandemia da Covid-19, vai até o dia 16 de dezembro. São de quatro a seis dias de aulas por mês, de acordo com o tema, sendo que a primeira ação é um estudo para encontrar os pontos fortes das propriedades e vocações dos produtores.

Analisada a situação, na sequência, vem a parte prática pensando em menor demanda de investimento e resultados mais rápido, mas sempre tendo como base o gerenciamento do rebanho, nutrição com pastagem e cana-deaçúcar, e rentabilidade.

Martins Júnior destaca também que no programa o produtor de leite é orientado a diversificar a produção, pois no momento que um produto estiver em baixa, ele pode buscar renda em outro. Na Chácara Três Irmãos, por exemplo, há 2,4 mil metros quadrados de plantação de quiabo, 5 mil pés de abacaxi, uma fábrica de farinha de mandioca, e Falquetto ainda lida com recria de bezerro macho utilizando técnicas que ele aprendeu no Pró-Leite, sendo que um animal com seis meses é vendido com sete arrobas. “E ainda tenho 8 mil m2 de área ociosa, que eu pretendo usar para pastagem com leite”, concluir o produtor.

A distribuidora Gefrescos quer que a Danone seja condenada em tribunal a pagar cerca de 5 milhões e 500 mil euros. A Danone recusa ter feito imposição e fixação de preços.

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