O Projeto Queijo Minas Legal, coordenado pelo MP, orienta o trabalho de produtores que vivem à margem da regularização. Mais de 1,2 mil visitas técnicas já foram realizadas em propriedades rurais de 160 municípios do estado
" O objetivo é comercializar cada vez mais o produto com a regularização de queijarias artesanais"

Quando se pensa em Minas Gerais, não tem como não se lembrar de um “queijim com café”, de um “pãozim de queijo”, de um “queijim com goiabada”. Não é segredo para ninguém que a iguaria é sucesso no Brasil e no exterior. Porém, ainda há muitos produtores que não estão regularizados.

Para que um queijo mineiro chegue a mesa de um paulistano, por exemplo, deve ter o Selo Arte, do Ministério da Agricultura e Pecuária. Ele atesta que houve boas práticas no manejo e que a infraestrutura está dentro das normas. Quando isso não acontece, o produto está sujeito à apreensão e a queijaria pode até ser fechada.

Em dezembro do ano passado, meia tonelada de queijo foi apreendida na MGC-491, em Varginha (MG). Segundo a Polícia Militar Rodoviária, a carga não possuía documentos de origem do produto.

Maria Lucilha de Faria, produtora de São Roque, no Centro-Oeste do estado, Região da Serra da Canastra, chegou a vencer uma edição do concurso Prêmio Queijo Brasil, em São Paulo, mas a falta de regularização ainda era uma barreira para o sucesso do produto.

Foi aí que ela conheceu o programa Queijo Minas Legal. Coordenado pelo Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor do Ministério Público, em parceria com a Emater e o governo do estado, a iniciativa orienta produtores a conseguirem certificações necessárias para expandir o negócio.

Desde 2022, quando foi criado, ele já realizou 1,2 mil visitas técnicas a estabelecimentos produtores de queijo artesanal em 160 municípios. O objetivo é comercializar cada vez mais o produto com a regularização de queijarias artesanais.

“Fizemos as adequações tanto na produção do queijo quanto no manejo do gado e alimentação dos animais. Sentimos uma melhoria tanto no volume de litros por dia quanto na qualidade do leite. Hoje, além dos queijos, vendemos o excedente de leite. Diminuímos perdas, ganhamos qualidade de vida e nos livramos de atravessadores”, comemorou Maria Lucilha de Faria.

“A legalização gera a abertura de novos mercados consumidores, visto que o Selo Arte possibilita a revenda em todo o território nacional, e do desenvolvimento socioeconômico dos pequenos produtores envolvidos neste universo produtivo, inclusive, com a geração de empregos”, explicou o coordenador do Procon-MG Glauber Sérgio Tatagiba do Carmo.

Maior bacia leiteira do país

Minas Gerais lidera a produção nacional de leite. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o estado produziu mais de nove bilhões de litros em 2023, o que corresponde a 27% da produção brasileira.

No ano passado, Minas produziu quase 34 mil toneladas de queijo artesanal. Os números representam apenas o que é legalizado no estado.

No sertão mineiro tem queijo ‘bão também’

Apesar da seca do sertão norte mineiro, mais de quatro mil peças de queijos são produzidas por mês em uma fazenda de Catuti, no Norte de Minas.

Há três anos, Marcelo Caíque começou na atividade. Aos poucos a clientela foi crescendo e também a variedade de produtos. Quando soube do projeto Queijo Minas Legal, logo se interessou.

“A maior dificuldade é entrar em um mercado tão competitivo e complicado para legalização. Esperamos legalizar todos os nossos produtos e comercializar cada vez mais. Hoje comercializamos para vários clientes e também para escolas da rede estadual”, celebrou.

Caeté: “senta aí e come um queijim’

Quem chega à fazenda do Delmar Nunes de Macedo , em Caeté, na Região Central do estado, é recebido com aquele queijo gostoso à mesa e boa prosa. A família sempre produziu com o que sobrava do leite.(Leia mais abaixo)

Porém, em 2019, o produtor quis se profissionalizar. Hoje ele produz vinte peças por dia e quer aumentar a produção.

Ele também aderiu ao Programa Queijo Minas Legal e fez todas as adequações necessárias. Está apenas esperando o momento certo e as condições ideais para montar uma estrutura que vai alavancar a produção.

“Quem aderir a esse programa vai sair da cozinha pra ir pra sala, vai pro mundo. Vai ter expectativa de crescimento. Trabalhar na informalidade não vale a pena. Eu tive a assistência da Emater aqui. Levamos o projeto da minha queijaria para o IMA, Instituto Mineiro de Agropecuária, estou só esperando sair uma linha de crédito para sair de vez do anonimato”, explicou.

Companhia do interior de São Paulo deve faturar mais de R$ 1 bilhão e descarta boatos de venda; mirando um eventual IPO, o plano é crescer com M&As, com dois negócios já no gatilho.

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