Preço do leite captado em outubro e pago aos produtores em novembro recuou 6,2% e chegou a R$ 2,1857/litro na “Média Brasil” líquida – frente ao mesmo mês do ano passado, a retração é de 2,5%, em termos reais.
Divulgação/JM Alvarenga

A pesquisa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, mostra que o preço do leite captado em outubro e pago aos produtores em novembro recuou 6,2% e chegou a R$ 2,1857/litro na “Média Brasil” líquida – frente ao mesmo mês do ano passado, a retração é de 2,5%, em termos reais (dados deflacionados pelo IPCA de outubro/21). Trata-se da segunda queda consecutiva dos preços no campo, e, agora, a variação acumulada em 2021 (de janeiro a novembro) está, pela primeira vez neste ano, negativa, em 5%, em termos reais.

A pesquisa do Cepea mostra que, de setembro para outubro, o Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) recuou 0,87% na “Média Brasil”. Esses dados evidenciam que, mesmo com o retorno das chuvas da primavera, que favorecem a disponibilidade de pastagem, a produção de leite segue limitada neste ano pelo aumento dos custos de produção e por consequentes desinvestimentos na atividade.

De janeiro a outubro, o poder de compra do pecuarista frente ao milho, insumo essencial para a alimentação animal, recuou, em média, 29,5% – no ano passado, enquanto o pecuarista leiteiro precisava de, em média, 33 litros de leite para adquirir uma saca de milho de 60 kg (com base no Indicador ESALQ/BM&FBovespa, Campinas – SP), em 2021, são precisos 43 litros para a mesma compra. Os preços dos grãos registraram quedas recentemente, mas o patamar ainda está elevado. Ressalta-se que outros importantes insumos da atividade leiteira também encareceram de forma intensa, como é o caso dos adubos e corretivos, combustíveis e suplementos minerais.

Dessa forma, a desvalorização do leite no campo se mostra fortemente atrelada à crescente perda no poder de compra do consumidor, que tem desacelerado consistentemente as vendas de lácteos desde meados de agosto. Com demanda enfraquecida e pressão dos canais de distribuição, os estoques se elevaram, forçando as indústrias a reduzirem os preços dos lácteos durante outubro.

De setembro para outubro, a pesquisa do Cepea mostra reduções de 6,8%, de 4,9% e de 2% nos preços médios do leite UHT, da muçarela e do leite em pó, respectivamente, comercializados por indústrias junto aos atacados do estado de São Paulo. As negociações do leite spot em Minas Gerais também perderam força em outubro, e os valores caíram de R$ 2,34/litro na primeira quinzena para R$ 2,14/litro na segunda (queda de 8,6%). Esse movimento de desvalorização continuou, e o leite spot chegou à média de R$ 1,96/litro na segunda quinzena de novembro.

Ainda que os custos de produção sigam altos, a expectativa do setor é de que a tendência de queda nos preços se mantenha no mês que vem, ainda influenciada por dificuldades associadas às vendas dos lácteos na ponta final da cadeia.

leite cepea

Gráfico 1. Série de preços médios recebidos pelo produtor (líquido), em temos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de outubro/2021)

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