As vendas ao exterior de leite em granel, por exemplo, “habituais para Espanha, estão agora a fazer-se com dificuldade”, tal como as exportações para a China, sobretudo de queijo, ou de manteiga e leite em pó para os países do Médio Oriente e Angola, nestes dois últimos casos, devido à queda do preço do petróleo e à falta de liquidez, contextualiza Fernando Cardoso.
Pico de produção
À redução do consumo (por via do canal horeca e da exportação) junta-se o pico de produção de leite habitual na primavera no Hemisfério Norte (Europa e EUA), duas realidades que fazem a Fenalac temer cenários de excesso de produção. Para os evitar, lembra que “há mecanismos que a União Europeia poderia ativar, com urgência”, como é o caso da armazenagem privada (de alguns queijos, leite em pós e manteiga), que consiste num apoio extraordinário ao agricultor para que constitua stocks do produto e o possa vender mais tarde, em melhores condições de mercado.
Outra modalidade seria o recurso à intervenção com retiradas do mercado (leite em pó e manteiga), em que autoridades públicas adquirem o excedente e o vendem ou encaminham para instituições de solidariedade. Nas duas soluções (armazenagem e intervenção) estão previstos apoios aos agricultores e ambas têm por objetivo reduzir a oferta do produto no mercado, para que a produção não perca rendimento.
Em Bruxelas, as instituições que representam a agricultura junto das instituições europeias, a COPA-COGECA, bem como a Associação Europeia das Empresas de Laticínios, já estão a fazer diligências para que a Comissão se prepare para desbloquear aqueles mecanismos.
“Em Portugal, ainda estamos longe dos preços da intervenção”, assinala Fernando Cardoso. No caso do leite em pó, o mecanismo é ativado automaticamente quando o preço cair para os 1,70 euros por 10 quilos (está nos 2,11 euros). Na manteiga, será quando baixar para 2,20 euros (está nos 3,29 euros).