Um levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP) apontou que, de janeiro a março, os preços do leite no campo tiveram queda acumulada real de 10,7%.
“Ainda que nesse período a produção seja favorecida pelas chuvas do verão no Sudeste, o movimento de desvalorização neste ano não esteve atrelado a uma situação de sobreoferta, mas, sim, ao enfraquecimento da procura por lácteos”, dizem os pesquisadores.
Conforme o Cepea, a redução na demanda se deve ao menor poder de compra do brasileiro devido a fatores como alta do desemprego, fim do auxílio emergencial para muitas famílias e agravamento dos casos de Covid-19.
Apesar disso, pesquisas ainda em andamento sinalizam que o novo cenário de oferta limitada – resultado do avanço da entressafra e do aumento nos custos de produção com o encarecimento dos grãos – deve impulsionar o preço do leite captado em março e pago em abril.
Outror ponto observado é que a desvalorização do real tem estimulado as exportações de lácteos. Já as importações devem seguir em queda em relação a meses anteriores – ainda que estejam atingindo volumes maiores do que os registrados no mesmo período do ano passado .
“Nesse cenário de limitação de oferta, a competição das indústrias pela compra de matéria-prima deve se acirrar, levando, consequentemente, à retomada dos preços ao produtor. Contudo, esse movimento de valorização do leite no campo deverá acontecer de forma comedida, sendo possivelmente freado pela demanda fragilizada”, observam os pesquisadores.