Ao se posicionar contra uma possível suspensão temporária das importações de produtores lácteos, como defende a Abraleite (clique aqui para ler), a Aliança Láctea Sul Brasileira causou indignação entre a base produtora do setor. Neste domingo 8, os movimentos Construindo Leite Brasil, Inconfidência Leiteira, Aliança e Ação e União e Ação enviaram mensagem ao coordenador da Aliança e presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat/RS), Alexandre Guerra, manifestando sua insatisfação e pedindo que ele reveja seu posicionamento.
Na mensagem, os quatro movimentos enfatizam que o recente aumento das importações de produtos lácteos é prejudicial aos produtores de leite, que já enfrentam uma situação difícil devido aos elevados custos de produção e a problemas climáticos, como a seca ocorrida no Sul do país. Conforme dados da Secex, o volume de produtos lácteos importados no segundo trimestre de 2020 teve alta de 62,8% em relação ao mesmo período de 2019. Em setembro, também segundo a Secex, a importação foi 80% superior a 2019.
“Gostaríamos que o Alexandre Guerra entendesse que somos milhares de produtores que neste momento vivemos uma situação muito difícil. Saímos de uma seca severa no verão passado nos estados do Sul e agora enfrentamos novas adversidades climáticas, que se somam aos efeitos da pandemia do coronavírus, aos altos custos de produção e a perda de preços ao produtor”, disse ao AGROemDIA o empresário produtor de leite Rafael Hermann, do município de Boa Vista do Cadeado (RS) e um dos coordenadores do Construindo Leite Brasil.
Neste cenário, acrescentou o pecuarista de leite gaúcho, as importações de produtos lácteos estão agravando mais a situação do setor. “Suspender as importações de produtos lácteos temporariamente é questão de sobrevivência no campo. Por isso, apoiamos fortemente a posição da Abraleite e esperamos que Aliança Láctea Sul Brasileira reveja sua posição.”
Para Alexandre Guerra, em vez de suspender as importações de produtos lácteos, o setor precisa se tornar mais competitivo. “O que devemos é buscar competitividade para sermos atrativos tanto aqui quanto lá fora”, disse o dirigente da Aliança e do Sindilat/RS, por meio de nota, divulgada pela revista Globo Rural.