Hoje, no entanto, o valor máximo que estão conseguindo receber é R$ 1. O prejuízo para a maioria dos produtores chega a R$ 0,30 por litro.

“Tem produtores, principalmente os menores ou os que estão em áreas mais afastadas, que só recebem 80 ou 90 centavos”, revela o produtor João Tenório Rodrigues, conhecido como Joãozinho Douca, de Batalha.

Segundo joãozinho, não tem explicação para o que está acontecendo. Ele diz suspeitar  que as empresas que compram leite de Alagoas que estão instaladas em Sergipe e Pernambuco, devem importar o produto de outros países, via Mercosul. Consequentemente prejudicando toda a produção.

Um empresário do setor de laticínios de Alagoas, avalia o problema de outro ângulo. Para ele o governo de Alagoas incentivou e ao mesmo tempo apunhalou. Seguindo sua linha do possivel problema, o empresário diz que quem recebe mais incentivo para vender os produtos que vem de outros estados, são as grandes distribuidoras e atacadistas do Estado. E somente uma distribuidora de Maceió deixou de comprar mais de 3 mil kg de mussarela por semana de indútrias de Alagoanas.

Outro problema, segundo um produtor da região de Major Isidoro, é que a nova política fiscal estabelecida pelo governo do Estado, penaliza a saída de leite in natura: “o leite que vai para Sergipe ou Pernambuco paga 7% de ICMS. Com isso, nosso leite se torna menos competitivo. É por isso que está sobrando leite na nossa bacia leiteira”, afirma.

Em plena crise, o programa do leite, mantido pelo governo federal e pelo Estado, continua pagando R$ 1,28 por litro aos agricultores familiares de Alagoas.

O valor ajuda a enxugar o mercado em momentos como esse. O problema é que o pagamento aos produtores está atrasado desde outubro. Segundo fontes da Secretaria da Agricultura do Estado, o atraso no pagamento se deu em função de problemas orçamentários.

Com o atraso, muitos produtores já começaram a deixar o programa – o que contribui para agravar a crise.

Um produtores está tentando contato com a Seagri e com o governador Renan Filho, em busca de ajuda para superar a crise: “se o governo não agir logo, a situação vai se agravar muito nos próximos dias”, alerta o presidente de uma associação de agricultores familiares da região da bacia leiteira.