A situação é muito preocupante e, a manter-se a seca extrema, a primavera e o verão poderão tornar-se catastróficos”. O desabafo é de Carlos Neves, responsável da Associação de Produtores de Leite. Com uma vacaria, em Árvore, Vila do Conde, o agricultor diz que, nesta altura, ainda vai conseguindo ter pastagem para os animais – tem cerca de 60 vacas na exploração -, mas confessa que está no limite.
“Temos um sistema montado que é resistente. Conseguimos pastagem para os animais porque armazenamos durante o ano, mas a continuar assim vai esgotar. Se não houver produção de cereais, se não tivermos água para regar, vai ser muito complicado”, explica ao CM o agricultor, lembrando que com a seca extrema os preços estão a subir, mas o do leite mantém-se – e é dos mais baixos na Europa. “Vamos pagar o adubo mais caro, a eletricidade mais cara e vamos continuar a receber, se não houver um aumento imediato do preço do leite, uma miséria”, lembrou.
A previsão do Instituto Português do Mar e Atmosfera para este sábado aponta a possibilidade de aguaceiros no Alentejo, depois de nos últimos seis dias ter chovido diariamente em Viana do Castelo (48,1 litros por m2) e no Porto (25,8). Valores correspondem a sensivelmente um terço do habitual em feveiro.