Fazenda Tubianas 3, localidade dos Potreiros, a 97 quilômetros do centro de São Francisco de Paula, na Serra. Neste lugar, o casal José Luís e Inês Cardoso produz queijo artesanal serrano há décadas. Esta maneira de fazer queijo, a partir do leite cru, vem desde os bisavós, há mais de cem anos, conta José. A fórmula foi passando de geração em geração. “Aprendemos desde pequeno a fazer. Agora, esta tradição vai continuar com o meu filho”, diz ele.
Na agroindústria da família são produzidos de 8 a 10 kg/dia, mas tem capacidade para chegar a 25 kg/dia. Com a publicação da portaria IN 03/2021 da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), que regulamenta o Selo Arte e permite a comercialização do produto para outros Estados, o produtor espera ampliar as vendas. “Já há interessados de São Paulo, só esperando conseguirmos a autorização”, informa José.
“Abrimos as portas do Brasil e logo todos vão saber do sabor e da qualidade do queijo gaúcho. Uma grande conquista para a agricultura familiar do nosso Estado, que sonha com este momento”, destaca a secretária da Agricultura, Silvana Covatti.
“Pode-se dizer que o estabelecimento do seu José é um exemplo para os demais produtores buscarem a legalização da produção, agregarem valor e agora comercializar seu produto artesanal para todo o Brasil”, afirma Ângelo Pretto, veterinário do Sistema de Inspeção Municipal (Sim) de São Francisco de Paula.
Pretto destaca que na região existem diversos produtores que podem ser beneficiados com o Selo Arte, mas primeiramente eles precisam obter o registro no Sim. “E uma questão muito importante a ser considerada é que o produtor deve realizar o exame de brucelose e tuberculose nas vacas, pois o queijo artesanal serrano é elaborado com leite cru e é um dos itens obrigatórios exigidos pelo selo Arte”, ressalta o veterinário. O queijo artesanal serrano é considerado patrimônio cultural imaterial do município de São Francisco de Paula desde 2019.
No Rio Grande do Sul, são 123 produtores de queijo artesanal serrano nos campos de cima da Serra que já solicitaram acesso ao Programa Estadual de Agroindústria Familiar (Peaf). “A Divisão de Agroindústria da secretaria fica à disposição dos produtores para fins de atualização cadastral e suporte técnico dos veterinários dos sistemas de inspeção municipal da região, para que todos tenham condições de adesão ao Selo Arte”, afirma Maluza Machado, chefe da Divisão de Organização das Agroindústrias Familiares da Seapdr.
Para ter acesso ao Selo Arte do queijo artesanal serrano são necessárias algumas condições:
• Declaração do veterinário do Sim de que o produto de origem animal é produzido de forma artesanal, comprovado através de análises laboratoriais e manual de boas práticas de fabricação e boas práticas agropecuárias;
• Título do Registro do SIM assinado pelo veterinário do SIM com memorial descritivo do produto, rótulo aprovado e declaração de tempo de maturação;
• Análises microbiológicas e físico-químicas, conforme Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade (RTIQ) do queijo artesanal serrano;
• Declaração de Responsabilidade do Produtor.
A documentação deve ser encaminhada para o Departamento de Agricultura Familiar e Agroindústria (Dafa) da Seapdr.
O queijo artesanal serrano recebeu em março de 2020 uma certificação do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) de Indicação Geográfica (IG) na modalidade Denominação de Origem: IG Campos de Cima da Serra para 16 municípios gaúchos e 18 catarinenses.