A situação da seca no Sul do Espírito Santo está crítica. Não chove desde março deste ano na região e mais de 950 produtores foram diretamente afetados

O período de seca se estende e tem castigado regiões do Espírito Santo. Não chove desde o primeiro trimestre deste ano. A falta de água afeta diretamente o animal, o homem do campo e, por consequência, quem se beneficia dessa cadeia produtiva: o consumidor.

No Sul do Estado, a cidade de Itapemirim sente os prejuízos. O pasto está totalmente seco. O gado fica a maior parte do tempo deitado para não gastar energia. Com pouca água e comida, os bois e as vacas estão sofrendo. Mais magros, alguns deles só tem pele e osso.

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Foto: Reprodução TV Vitória

Na propriedade do produtor rural Genário Leal, o gado recebe ração, cana-de-açúcar e um pouco de farelo para se alimentar.

“Tá crítico, porque às vezes a gente tem uma reserva na propriedade, seja do capim açu, seja da cana, a gente espera que seja necessário no máximo 60 dias. Agora, já estamos há 5 meses mantendo os animais na ração e chegou num ponto que a ração está acabando”, desabafou.

O pecuarista contou que a última seca rigorosa, como a que ocorre este ano, foi em 2014. A geada de abril e maio cortou o desenvolvimento das plantas.

“A gente veio de um frio muito intenso em maio. Hoje não tá chovendo, já estamos com uma seca praticamente de cinco, seis meses. A partir daí, os animais começaram a sentir frio e a lavoura também parou de crescer. Hoje, nós não temos uma boa colheita de cana, o café está comprometido para a safra do ano que vem e os animais, além de vir já debilitados do frio, hoje não tem o que comer”, lamentou o produtor.

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Foto: Reprodução TV Vitória

Genário Leal já perdeu uma vaca e quatro bezerros. Os animais que antes comiam 50 quilos de capim volumoso por dia, com todos os nutrientes que a planta oferece, precisam se adaptar a 17 quilos de uma mistura de cana, sais minerais e ração ao dia.

Segundo o secretário de Agricultura de Itapemirim, Rômulo Sobrosa, a falta de alimento para o gado influencia inúmeras situações.

“O animal está só emagrecendo. Então, se a gente precisar vender os animais hoje, um animal que poderia estar sendo vendido por 15 arrobas, vai estar sendo vendido por 13 arrobas”, explicou.

“O mesmo problema que estamos tendo esse ano com perdas econômicas, ano que vem continua, porque os animais não estão gestantes, não vai ter produção de leite em cima desses animais”, disse.

“Além de parte da agricultura, produção de cana, que não tem como rebrotar cana. Na parte de capim, tem muitas propriedades que o capim morreu. Então, vamos ter que refazer toda essa parte de pastagem para os produtores”, acrescentou.

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Foto: Reprodução TV Vitória

De acordo com o último relatório das empresas que fazem a captação do leite de Itapemirim, houve uma queda substancial do ano passado para este ano.

Entre janeiro e julho de 2021, foram captados 7,6 milhões de litros de leite, já esse ano 5,1 milhões. Em dinheiro, foi uma queda de R$ 4 milhões. O pecuarista recebe R$ 2,24 por litro de leite.

Itapemirim é o quarto maior produtor de leite do Estado e o segundo da região Sul capixaba. Para tentar minimizar os estragos causados pela seca, a prefeitura tem oferecido serviços de ajuda para os pecuaristas da região.

“Nós temos uma frota de caminhões que nós estamos disponibilizando aos produtores para conseguir algum tipo de insumo, dando frete de graça para poder buscar certo volumoso, seja na região do Caparaó ou na região mais próxima daqui, porque não tem”, afirmou Sobrosa. 

“No município não tem volumoso para poder fornecer a esses animais. A gente tem um programa de distribuição de ração farelada, distribuímos aos produtores mensalmente a ração. Basta ele ser produtor de leite no município, ter a documentação da propriedade, ter o rebanho cadastrado no Idaf. Eles entram em contato com a gente, pedem o agendamento do caminhão e disponibilizamos”, explicou.

Outras cidades do ES também sofrem com a seca 

Não chove desde março deste ano na região de Marataízes, também no Sul do Estado. O município é o maior produtor de abacaxi do Espírito Santo. No entanto, cerca de 70% das lavouras da fruta estão comprometidas, além de 60% de toda a produção de mandioca e 40% da produção de cana-de-açúcar.

Os números ainda não são precisos, mas a estimativa é de que mais de 950 produtores da região foram diretamente afetados pela seca.

O setor de alimentos e bebidas possui 59 empresas entre as 1000 maiores do país.

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