Comissão dos Produtores de Leite de Rondônia pede o reajuste no valor do litro do leite e regularização do pagamento aos agricultores.

Sem um acordo firmado com as empresas de laticínios, produtores de leite estão interrompendo as atividades da produção leiteira em Rondônia. Entre as reivindicações, o setor pede reajuste no preço do litro para R$ 1,45, sem que esse valor sofra uma alteração de acordo com a região do estado.

Nesta semana, produtores de Candeias do Jamari (RO) e distrito de União Bandeirantes já interromperam o fornecimento de leite para laticínios, mas na sexta-feira (15) a paralisação atingir todos os municípios.

Segundo o presidente da Comissão dos Produtores de Leite de Rondônia, Rui Barbosa de Souza, o valor médio pago pelas indústrias de laticínios no litro do leite durante o mês de abril foi de R$ 0,86.

Para o mês de maio, o litro custaria ainda menos, chegando a R$ 0,65, o que representa uma desvalorização de mais de 40% no preço médio do litro do leite, segundo a Comissão.

A justificativa das empresas para a diminuição do valor pago aos agricultores seria a queda no consumo diante o período de isolamento social, provocado pela pandemia de Covid-19 no Brasil. Porém, Rui Barbosa afirma que essa desvalorização acontece todos os anos durante os meses de abril, maio e junho.

“Toda essa conversa dos laticínios para justificar a diminuição de valores do leite é mais uma mentira. Todo ano, no mês de abril, acontece essa diminuição que dura três meses. Nós já chamamos essa época de “baixa do mês de abril”. Depois, em julho, o preço é normalizado com a desculpa de ajudar o produtor”, alega o Presidente da Comissão.

O presidente afirma ser inviável operacionalizar o setor leiteiro com o litro custando menos de R$ 1,45, pois o custo para manter a produção por litro de leite chega a custar R$ 1,02.

“Eu, como produtor, só posso dizer o seguinte: no valor que tá, não dá para continuar. Pagávamos R$ 65 em uma saca de sal, hoje o valor está em R$ 117. Não tem como operacionalizar com o valor abaixo de R$ 1,45. Infelizmente, como produtor, não tem como trabalhar mais, você tá pagando para botar o leite na mesa do consumidor”, afirma Rui Barbosa.

Uma outra exigência dos produtores é a regularização o pagamento mensal, que, segundo o presidente da comissão, é pago abaixo do estipulado ao agricultor após 60 dias da coleta do leite.

“Os laticínios só nos pagam depois que industrializa e vende o leite. Só que, normalmente, na hora da coleta eles assumem uma determinada quantia e, quando vão pagar, o valor está abaixo do determinado. A maioria dos laticínios fazem isso” relatou.

Procurado pela reportagem, o Sindicato das Indústrias de Laticínios no Estado de Rondônia (Sindileite) informou que não vai se pronunciar sobre a mobilização dos produtores.

Já a Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri) ainda não se manifestou sobre a interrupção no fornecimento de leite aos laticínios.

Faperon

Hélio Dias, presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de Rondônia (Faperon), disse à CBN Porto Velho que acompanha e vê com preocupação a situação do setor leiteiro.

“Realmente nós estamos bastante chateados com o posicionamento da direção dos laticínios de Rondônia, dado que os produtores tentaram de forma incansável um entendimento na questão dos preços. Que fosse bom tanto para o produtor, quanto ao laticínio”, diz.

A proposta da Faperon era que, neste mês de maio, fosse pago ao menos o preço mínimo de R$ 1,17, estipulado pela Comissão dos Produtores de Leite de Rondônia. “Esse valor é objeto do custo de produção, para produzir um litro de leite (no caso do produtor), e também custos de vendas das indústrias.

Bryce Cunningham, um produtor de leite escocês, proprietário de uma fazenda orgânica em Ayrshire (Escócia), lançou um produto lácteo para agregar valor ao leite de sua fazenda, que é um produto de ótima qualidade, sem aditivos, e é um exemplo de economia circular.

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