Terceira edição do IILB mostra que fazendas com maior produtividade são também as que produzem leite de melhor qualidade sanitária

Terceira edição do IILB mostra que fazendas com maior produtividade são também as que produzem leite de melhor qualidade sanitária

Nesta quarta-feira, 11 de setembro, durante o Congresso Brasileiro da Qualidade do Leite (CBQL) que acontece em Lages – SC, ocorre o lançamento da terceira edição do Índice Ideagri do Leite Brasileiro, que indica que existe uma relação direta entre as fazendas mais produtivas e a qualidade do leite produzido. Pela metodologia do IILB, as fazendas “top 10%” produzem 20% mais leite por animal em comparação com a média geral e atendem com folga as rígidas instruções normativas que entraram em vigor em maio último.

“A boa gestão de rebanhos torna-se cada vez mais essencial para a sustentabilidade do negócio do leite”, afirma Heloise Duarte, CEO da Ideagri, que publica o IILB. Segundo ela, as instruções normativas 76 e 77, que entraram em vigor em maio desse ano, fixam as características de qualidade para o leite cru refrigerado, o leite pasteurizado e o leite pasteurizado tipo A. “Os laticínios estão proibidos de aceitar leite fora das especificações”, lembra ela. As normativas visam maior profissionalização do setor. “Há um endurecimento da responsabilidade relativa à qualidade da matéria-prima”, diz Heloise.

 

Outro fator que pressionará os produtores por maior qualidade é a abertura da economia brasileira, ora em curso, e que tornará o mercado mais competitivo e exigente. “A concorrência vinda de fora pode aumentar”, alerta ela, que, por outro lado, indica que o setor poderá explorar fronteiras de expansão inéditas. “A recente abertura do mercado chinês aos produtos lácteos brasileiros e o futuro acordo Mercosul-EU podem representar oportunidades para uma indústria que hoje atende basicamente ao mercado doméstico, mas para exportar é preciso qualidade do produto”, explica a CEO da Ideagri.

Contagem de Células Somáticas

Entre várias determinações, as Instruções Normativas 76 e 77 estabelecem o limite de 500 células somáticas por mililitro de leite. Por isso, a Contagem de Células Somáticas (ou CCS, que indica a saúde da glândula mamária de vacas) passa a ser um critério de qualidade sanitária decisivo. “Na última edição do IILB fica evidente que as fazendas com maior produtividade são também as com melhores índices de CCS”, explica Heloise Duarte. “A explicação, mais uma vez, é a gestão”, diz ela.

A última edição do IILB traz um recorte especial com dados de controle de qualidade de leite atualizados nos últimos 12 meses por 179 fazendas (20% da base do levantamento). As que obtiveram um índice IILB acima de 6 (uma nota que vai de 0 a 10, indicando a qualidade da gestão das fazendas) atendem as normativas em 88% dos casos, contra apenas 40% das que tiveram nota IILB abaixo de 2. “Do total de 179 fazendas, 30% estão com CCS acima do limite, um dado preocupante porque aponta um potencial risco de sustentabilidade do negócio para os produtores”, avalia Heloise.

Maior produtividade

O IILB é calculado a partir de 12 indicadores-chave de cerca de mil fazendas com bom grau de tecnificação que, em conjunto, possuem 250 mil matrizes e respondem por 4% da produção nacional. Esses 12 indicadores combinados compõem um índice geral comparativo que permite aos produtores medirem sua competitividade, inclusive por perfil de rebanho. O IILB traz esses números de forma detalhada e destaca, ainda, os dados dos chamados “Top 10%” que são as fazendas com os melhores indicadores.Os Top 10% chegam a produzir 20% mais leite que a média das fazendas analisadas pelo IILB. Para a CEO da Ideagri, vários fatores explicam essa diferença. A taxa de prenhez, um indicador essencial para a eficiência produtiva, é até 42% superiores nas melhores fazendas. A mortalidade de fêmeas de até 12 meses é 42% menor nas melhores fazendas. “Esses e outros indicadores do IILB apontam grande potencial de melhora para os produtores que investirem em ferramentas de controle mais modernas, como softwares de gestão, além de maior capacitação e melhores equipamentos.”

Por Marcelo Moreira/ Piquini

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