Censo mostrou que apenas 38.613 produtores comercializavam leite em 2017, enquanto em 2006 eram 66.226

O número de produtores que vendem leite em Santa Catarina caiu 41% em 12 anos. De acordo com o Censo Agropecuário realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), eram 66.226 produtores em 2006. O número passou para apenas 38.613 em 2017. Já o número de produtores no geral não caiu tanto. Eram 89.043 em 2006 e passaram para 71.051 em 2017.

De acordo com o analista do setor de lácteos do Centro de Socieconomia e Planejamento Agrícola da Epagri (Cepa/Epagri), Tabajara Marcondes, o levantamento do IBGE mostra que muitos produtores deixaram de vender e permaneceram produzindo apenas para o consumo próprio:

— Antigamente, tinha muito agricultor que vendia nas casas e isso diminuiu, até pela questão da rigidez sanitária e fiscalização. Também há uma mudança estrutural no modelo de produção, que era basicamente de mão-de-obra familiar e de baixo custo. Agora, está ficando mais concentrada, com um custo um pouco maior. Isso é uma péssima notícia para aqueles municípios menores e que dependem das vendas para os produtores de leite.

Segundo o especialista, o resultado representa menos propriedades e menos gente no campo. Ele acredita que essa situação se agravou ainda mais depois do Censo Agropecuário de 2017 e estima que atualmente existam no máximo 25 mil produtores que fornecem leite para as indústrias.

O coordenador de pesquisas agropecuárias do IBGE em Santa Catarina, Jair Aguilar Quaresma, explica que a produção de leite está seguindo uma tendência de concentração, sendo produzidos em menos propriedade mas mesmo assim aumentando a produção.

— Os produtores estão procurando ganhar por meio da profissionalização. Um exemplo disso é que antigamente o milho para silagem era o pior. Agora há variedades específicas para fazer a melhor silagem — destacou Quaresma.

Para o coordenador da Aliança Láctea Sul Brasileira, Airton Spies, essa concentração de produção é um processo natural. Alguns produtores acabam abandonando a atividade pela necessidade de profissionalização.

— O leite passa por uma revolução semelhante pela qual passou a suinocultura. Quem produz leite tem que se especializar nisso. As exigências e investimentos vão aumentando e vai ficar somente quem atingir certos patamares. Essa qualificação é necessária para que possamos atingir a exportação. Com isso, o mercado interno não vai ficar tão suscetível às oscilações internas — avaliou Spies.

Spies explica que, no momento, há uma queda no preço pago ao produtor, que passou de R$ 1,25 por litro em maio para R$ 1,14 em outubro. Isso porque houve um aumento de oferta maior e demanda retraída. Já o mercado de carnes tem uma válvula de escape que é as exportações, que estão muito bem.

— A Aliança Láctea Sul Brasileira está trabalhando para que o leite se torne mais uma estrela das exportações do Brasil. Isso não quer dizer necessariamente que vai ter menos gente trabalhando com o leite. O número de produtores está diminuindo, mas outros postos podem ser gerados na cadeia. Além disso, um produtor de leite pode ficar somente com o rebanho produtivo enquanto um vizinho cuida do restante do plantel e é remunerado para isso — destacou Spies.

De acordo com o Censo Agropecuário de 2017, Santa Catarina era o quarto maior produtor de leite do país, com 2,8 bilhões de litros. Entre 2006 e 2017 a produção do estado cresceu 103%, contra 46,4% da média brasileira.

Bryce Cunningham, um produtor de leite escocês, proprietário de uma fazenda orgânica em Ayrshire (Escócia), lançou um produto lácteo para agregar valor ao leite de sua fazenda, que é um produto de ótima qualidade, sem aditivos, e é um exemplo de economia circular.

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