O queijo, um dos alimentos mais queridos e versáteis do mundo, voltou a ser destaque no campo científico. Um novo estudo sugere que o consumo regular de determinados tipos de queijo pode ter efeitos positivos sobre a memória e outras funções cerebrais. As descobertas abrem novas perspectivas sobre o papel dos laticínios na saúde neurológica, reforçando a ligação entre alimentação e bem-estar cognitivo.
Queijos que impulsionam a mente
De acordo com a pesquisa conduzida pela University of Reading, no Reino Unido, queijos fermentados como cheddar, gouda e parmesão contêm compostos bioativos que melhoram a comunicação entre as células nervosas. Esses efeitos são atribuídos principalmente aos ácidos graxos de cadeia curta e aos peptídeos bioativos liberados durante o processo de fermentação, que atuam diretamente sobre o sistema nervoso e o metabolismo cerebral.
Os pesquisadores explicam que essas substâncias ajudam a reduzir a inflamação e o estresse oxidativo, fatores intimamente ligados ao declínio cognitivo. Além disso, contribuem para preservar a integridade da barreira hematoencefálica, essencial para proteger o cérebro de toxinas.
“O queijo é mais do que uma fonte de cálcio e proteínas: é um alimento funcional com potencial para melhorar a saúde do cérebro”, afirma a doutora Elaine Clarke, autora principal do estudo. “Seu consumo moderado, dentro de uma dieta equilibrada, pode representar um ganho significativo a longo prazo”.
Fermentação, microbiota e cérebro
A relação entre alimentos fermentados e desempenho cognitivo tem sido alvo de inúmeros estudos. Neste caso, os cientistas destacam que o processo de fermentação do queijo estimula o crescimento de micro-organismos benéficos, como lactobacillus e bifidobacterium, que impactam positivamente a microbiota intestinal.
Essa conexão entre intestino e cérebro conhecida como eixo intestino-cérebro é fundamental na regulação do humor, da memória e do aprendizado. Produtos lácteos fermentados, como iogurte, kefir e queijo, ajudam a manter o equilíbrio da flora intestinal, o que repercute diretamente na função cerebral.
Um dos compostos mais importantes é o ácido butírico, gerado pela fermentação. Ele serve como fonte de energia para as células do cólon e exerce efeitos anti-inflamatórios no cérebro, explicando por que pessoas que consomem queijo regularmente apresentam melhor desempenho em testes de memória e concentração.
Moderação e escolha: o segredo do benefício
Embora os resultados sejam promissores, os especialistas alertam que nem todos os queijos oferecem os mesmos benefícios. Aqueles altamente processados ou com teores elevados de sódio e gordura saturada podem ter o efeito contrário, especialmente quando consumidos em excesso.
Por outro lado, os queijos curados e fermentados naturalmente, feitos com leite integral e processos artesanais, são os mais benéficos para a saúde cerebral. Entre os recomendados, destacam-se parmesão, gouda e brie, por sua alta concentração de peptídeos bioativos e probióticos naturais.
A moderação continua sendo essencial. Os pesquisadores sugerem incluir de 30 a 50 gramas de queijo por dia, acompanhados de frutas, verduras e grãos integrais, para potencializar seus efeitos positivos.
Benefícios que vão além do cérebro
Os impactos do queijo na saúde não se limitam ao sistema nervoso. Diversos estudos mostram que o consumo regular e equilibrado também pode fortalecer os ossos, regular a pressão arterial e melhorar a saúde intestinal.
Os nutrientes presentes no queijo como cálcio, fósforo, vitamina B12 e zinco são essenciais para várias funções corporais. Além disso, o perfil de gorduras dos queijos fermentados tende a ser mais saudável do que o de produtos ultraprocessados, favorecendo a absorção de vitaminas e a defesa imunológica.
Com base nessas descobertas, a indústria láctea tem explorado o desenvolvimento de queijos funcionais, elaborados com probióticos adicionais ou processos de fermentação aprimorados, focados na saúde cerebral.
O queijo como alimento funcional do futuro
O conceito de “alimentos funcionais” aqueles que oferecem benefícios além da nutrição básica está ganhando cada vez mais destaque na ciência da alimentação. Nesse cenário, o queijo surge como protagonista da nova geração de alimentos inteligentes.
De acordo com projeções da eDairy Insights, o mercado global de queijos funcionais deve crescer mais de 8% ao ano até 2030, impulsionado por consumidores que buscam opções saudáveis sem abrir mão do sabor. Essa tendência também representa uma oportunidade estratégica para os produtores de laticínios da América Latina, onde o setor queijeiro está em plena expansão.
“Estamos diante de uma mudança de paradigma: o queijo deixou de ser apenas um prazer gastronômico para se tornar um aliado do bem-estar”, conclui Clarke. “A diferença está na qualidade do produto e na consciência do consumidor sobre o que escolhe colocar no prato.”
Adaptado para eDairyNews, com informações de Terra.






