Uo ano 2000, o livro para executivos “Quem mexeu no meu queijo?” era um sucesso estrondoso. E ainda hoje, 20 anos depois, vejo frases tiradas do livro circulando pela internet, atribuídas a vários autores, que não o Spencer Johnson. Algumas, como “Felicidade não é ter o que você quer, é querer o que você tem”; “O que você faria se não tivesse medo?”; “O maior obstáculo à mudança está dentro do próprio indivíduo; nada melhora até ele mesmo mudar”; “Integridade é falar a verdade para mim mesmo. Honestidade é falar a verdade para as outras pessoas”.

O livro conta que Sniff e Scurry eram dois ratinhos que buscavam obter queijo por tentativa e erro. Também havia dois duendes, Hem e Haw, que eram loucos por queijo, e buscavam encontrá-lo pensando, estudando e aprendendo com experiências passadas. Spencer conta que os ratinhos Sniff e Scurry atuavam em conjunto e, por cooperarem, sempre tiveram queijo para viver. Já os duendes não conseguiram trabalhar juntos. Solitários, tiveram destinos diferentes. Haw era adaptativo e achava queijo. Hem era preguiçoso e burocrata, ficou sem queijo. Resumi grosseiramente o livro em um parágrafo…

O Osvaldo Filho publicou no portal Territórios Gastronômicos uma crônica que conta que tentou vender em São Paulo o queijo parmesão de Alagoa, sul de Minas, para um chef famoso e ele afirmou que aquilo não era parmesão, mas um “baita queijo artesanal”. Então, surgiu um desafio: como transformar uma convicção gastronômica numa riqueza gastronômica? Como regularizar o consumo de um produto ilegal, mas de valor histórico, nutricional, saboroso e com demanda pronta para recebê-lo? Como mexer no queijo de Alagoa?

Osvaldinho conta que procurou a Maria de Fátima Ávila Pires, pesquisadora da Embrapa Gado de Leite. Ela juntou competências nas seguintes instituições: Embrapa Gado de Leite, Emater, IMA, Epamig, Sebrae-MG, Prefeitura de Alagoa e AproAlagoa. Este mês eles entregaram o documento “Caracterização do queijo artesanal de Alagoa – MG: parâmetros físicos, físico-químicos, microbiológicos e sensoriais”. O estudo, de leitura saborosa, pode ser baixado na íntegra no portal da Embrapa Gado de Leite e será base para a criação do queijo Território da Mantiqueira.

revista balde branco pedro arcuri aspas edicao thumbnail edicao 660 Transformaram cultura em riqueza. Alimento em renda. Trabalho em lazer. Passado em futuro. Conhecimento popular em conhecimento científico.”

O sucesso deste estudo foi juntar produtores e sociedade civil de um lado e pesquisadores e órgãos de governo do outro. Mexeram no queijo e fizeram outra história, diferente do livro citado, desta vez com final feliz. Transformaram cultura em riqueza. Alimento em renda. Trabalho em lazer. Passado em futuro. Conhecimento popular em conhecimento científico. Como tira-gosto, segue o resumo técnico do trabalho. Mas não deixe de conhecê-lo na íntegra! Não dá para resumir aqui. Veja lá sobre como, com cooperação, todos ganham!

 

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