A compra de intervenção governamental e a reabertura do setor de serviços alimentícios ajudaram a impulsionar a demanda por lácteos nos principais mercados internacionais.

compra de intervenção governamental e a reabertura do setor de serviços alimentícios ajudaram a impulsionar a demanda por lácteos nos principais mercados internacionais. Assim, as perspectivas globais de lácteos agora não são ‘tão terríveis’ quanto no auge da crise da covid-19, segundo um novo relatório do Rabobank.

Embora se mantenha cauteloso com os fundamentos subjacentes do mercado nos próximos meses, o Rabobank diz que a perspectiva global aprimorada elevou sua previsão de preço do leite ao produtor em 35 centavos (22,83 centavos de dólar) para NZ$ 5,95 (US$ 3,88) por quilo de sólidos do leite – equivalente a NZ$ 0,49 (US$ 0,32) por quilo de leite – para a estação de 2020/21 na Nova Zelândia.

Em seu último relatório trimestral global sobre laticínios – Dairy Quarterly Q2 2020, Waiting for the dust to settle -, o banco comentou que os mercados de laticínios tiveram um desempenho melhor do que o esperado nos últimos meses e que os preços agora não devem cair para os níveis previstos no início do ano.

“O hemisfério norte experimentou uma recuperação nos preços do leite e de produtos lácteos no final do segundo trimestre como resultado da intervenção do governo. Também observamos uma recuperação nos preços do queijo, particularmente nos EUA, devido principalmente à reabertura do setor de serviços de alimentação. Esses fatores ajudaram a impulsionar a demanda por laticínios e os preços voltaram aos níveis pré-covid, ou em alguns casos, acima”, destacou o co-autor do relatório, RaboResearch, analista sênior Michael Harvey.

Ainda segundo Harvey, embora a recuperação de preços seja um sinal de que o setor global de laticínios está caminhando para a recuperação,  é difícil de avaliar se o setor ainda não está fora de perigo. “Muitos mercados de laticínios ainda estão lidando com desequilíbrios na demanda devido aos bloqueios do governo relacionados à covid-19. O aumento das vendas no varejo e as menores vendas de serviços alimentícios começarão a convergir, retornando a um equilíbrio mais normal, mas levará tempo e haverá limitações que impedirão um retorno completo às normas anteriores, especialmente nas vendas de serviços alimentícios. Espera-se que em breve a ajuda do governo e o apoio ao mercado diminuam e, uma vez que isso ocorra, os fundamentos do mercado voltam a se firmar”.

Harvey disse que expandir a oferta global e a recessão econômica em grande parte do mundo impediria ainda mais a velocidade da recuperação nos mercados de laticínios. “Prevê-se que a produção de leite aumente em 1% nas 7 grandes regiões leiteiras (EUA, UE, Brasil, Argentina, Uruguai, Nova Zelândia e Austrália) no segundo semestre de 2020, apesar de problemas relacionados ao clima, preços mais baixos do leite e esforços para trazer a oferta de volta ao equilíbrio por meio da demanda em muitas áreas. Também prevemos que grande parte do mundo emergirá dos bloqueios da covid-19 para a recessão econômica, com um crescimento mais lento da demanda doméstica, além de conter a demanda de importação em muitas regiões”, afirmou.

Na China – o maior mercado de exportação de laticínios da Nova Zelândia – a demanda de importação deve contrair-se fortemente. “O maior mercado mundial de importação de laticínios estará mais ausente no mercado mundial no próximo mês devido aos níveis de estoque acima da média, à demanda lenta e ao aumento da produção doméstica. As importações de laticínios da China entre janeiro e abril foram mais altas do que o previsto, no entanto, ainda esperamos ver uma queda geral na demanda de importação de 15% em 2020 com relação ao ano anterior”.

Ele enfatizou que os movimentos cambiais globais é um outro fator que pode influenciar significativamente o retorno de laticínios em diferentes regiões – principalmente para produtores focados na exportação como a Nova Zelândia.

Nova Zelândia

Os relatórios destacam que, para a temporada de produção de leite 2019/20 neozelandesa, os efeitos da seca estão sendo sentidos em grande parte da Ilha Norte. “Com um mês para concluir a estação de 19/20, o Rabobank espera que a Nova Zelândia feche a estação em 21,7 milhões de toneladas – representando um pequeno declínio de 0,6% em relação à estação anterior. A previsão atual do Rabobank para a temporada 19/20 é de NZ$ 7,20 (US$ 4,70) por quilo de sólidos do leite [equivalente a NZ$ 0,59 (US$ 0,38) por quilo de leite], uma queda de 10 centavos (6,52 centavos de dólar) na previsão do último trimestre e no ponto médio da faixa de previsão da Fonterra, de NZ$ 7,10 (US$ 4,63) por quilo de sólidos do leite [equivalente a NZ$ 0,58 (US$ 0,38) por quilo de leite] para NZ$ 7,30 (US$ 4,76) por quilo de sólidos do leite [equivalente a NZ$ 0,60 (US$ 0,39) por quilo de leite]”, comentou Harvey.

Segundo ele, o retorno ao crescimento da produção de leite na Nova Zelândia estava previsto para 20/21. “Com as condições sazonais mais favoráveis, a produção total de leite deverá crescer 1,8%, para 22,0 milhões de toneladas. Um dos principais riscos para essa perspectiva de produção é climático, com as últimas perspectivas mostrando chuvas abaixo do normal em grande parte do país no outono de 2021”.

Apesar das expectativas de um pagamento reduzido na temporada 2020/21, diz o relatório, muitos produtores de leite da Nova Zelândia procuram reduzir gastos em vez de fazer grandes cortes nos sistemas de produção que impactariam negativamente os fluxos de leite. “Também estamos vendo um forte apetite dos agricultores pelo preço fixo do leite da Fonterra antes da temporada 20/21. As alocações mensais de sólidos do leite foram exageradas para ofertas recentes e, no momento da redação deste artigo, as duas parcelas de sólidos do leite oferecidas pelo programa Preço Fixo do Leite variavam de NZ$ 6,42 (US$ 4,19) por quilo de sólidos do leite [equivalente a NZ$ 0,53 (US$ 0,35) por quilo de leite] para NZ$ 6,90 (US$ 4,50) por quilo de sólidos do leite [equivalente a NZ$ 0,49 (US$ 0,32) por quilo de leite] – excluindo taxa de serviço”.

O que esperar  no segundo semestre de 2020?

À medida que o mundo continua lidando com a crise da covid-19, o relatório diz que a mudança dos padrões de consumo é um dos principais fatores de observação do setor no segundo semestre do ano.

“Embora se espere que as recessões econômicas em todo o mundo tenham um impacto geral negativo na demanda por laticínios, a categoria também está observando alguns padrões positivos de consumo em meio à crise, com muitos consumidores optando por retornar a consumir produtos nutritivos e confiáveis como os laticínios. A indústria deve dobrar a comunicação da densidade de nutrientes dos produtos lácteos e, em algumas regiões, essa mensagem está recebendo apoio do governo. Na China, por exemplo, o governo está enfatizando novamente sua recomendação de consumir 300 gramas de laticínios por dia – mais do que o triplo da média atual, com o apoio de médicos que falam publicamente em canais semelhantes ao YouTube. Em todo o mundo, também vemos consumidores adotando uma abordagem ‘de volta ao básico’ em relação aos laticínios em resposta à pandemia. Muitos estão optando por lácteos simples, familiares e básicos em meio à crise e, como resultado, alguns dos produtos diferenciados e premium que ganharam força nos últimos anos podem enfrentar lutas em uma economia mais lenta”, ponderou.

Outros fatores de observação para a indústria de laticínios citados no relatório incluem o impacto nos mercados de estoques elevados de laticínios, o potencial ressurgimento do vírus, mudanças no comércio global e os possíveis maiores estímulos (comparado ao normal) dos pacotes de ajuda dos EUA antes das eleições de novembro.

A partir de segunda-feira, 18 de novembro, agricultores se mobilizam contra o acordo de livre-comércio entre a Europa e cinco países da América Latina, rejeitado pela França. François-Xavier Huard, CEO da Federação Nacional da Indústria de Laticínios (FNIL), explica a Capital as razões pelas quais o projeto enfrenta obstáculos.

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