Ao longo da última semana de setembro, oito pessoas visitaram a Serra da Canastra, tradicional região produtora de queijos, conhecendo as diferenças e similaridades entre o trabalho feito naquela região e no Nordeste brasileiro.
A programação constou de visitas ao Mercado Central de Belo Horizonte, ao Festival do Queijo Artesanal, à Cooperativa de Produtores Rurais do Serro (CooperSerro), a Associação dos Produtores de Queijo Canastra (Aprocan), ao Centro de Qualidade do Queijo Minas Artesanal de Medeiros (Aprocame), à Associação de Queijo Minas Artesanal da Região de Araxá (Aqmara) e a produtores assistidos pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater – MG). De acordo com Aurinete Araújo, gerente da Associação Gestora da Usina de Beneficiamento de Lácteos (Agubel), que fica em Sumé (PB), a experiência foi muito proveitosa e lhe deu a oportunidade de conhecer as potencialidades e dificuldades inerentes à produção de queijos artesanais. “Pude ver que os produtores dos famosos queijos da Canastra enfrentaram e ainda enfrentam problemas de adequações ao sistema de certificação e os desafios de conquistar mercado, assim como os que enfrentamos aqui com os queijos de leite de cabra. Essa experiência nos deu ânimo para continuar com a nossa luta diária por ver como os produtores de lá junto com parceiros, a exemplo da Emater de Minas Gerais, acreditam e abraçam a causa com tanta garra, e que todo esse esforço vem resultando em sucesso”, afirma. Aurinete acredita na importância da organização coletiva dos produtores, como as associações que conheceu em Minas Gerais, como a melhor saída para superar as dificuldades.
Para Sônia Patriota, gestora do Centro de Excelência em Derivados de Carne e Leite de Sertânia (Cedoca), de Sertânia (PE), um dos aspectos que mais chamou a atenção foi a simplicidade das instalações. “Tive a confirmação de que menos é mais, pois vi estruturas extremamente simples, todas dentro dos padrões de higiene, com fluxo correto, produzindo queijos de excelente qualidade, que podem perfeitamente ser adaptadas à minha região. Aprendi que lá também não foi fácil e que eles contaram com a ajuda de técnicos, especialmente os da Emater; e que o fortalecimento das relações entre cooperados e associados produz ganhos para todos”.
A pesquisadora da Embrapa Caprinos e Ovinos Nívea Felisberto, que acompanhou o grupo na atividade, acredita que o ponto alto do intercâmbio foi conhecer duas instituições que trabalham especificamente com a comercialização de forma coletiva. São organizações que recebem queijos de diversos produtores da região e fazem a “toalete” do produto, ou seja, embalam, rotulam e preparam para a venda sob uma marca coletiva. “Esta forma de trabalho diminui os custos para o produtor que não precisa, por exemplo, ter um caminhão refrigerado próprio. E permite que ele mantenha a identidade do seu produto porque, mesmo com a marca coletiva, é possível identificar o número do produtor responsável na embalagem do queijo”, explica. Outro momento que a pesquisadora considera importante foi a participação do festival. “A experiência deu aos participantes a noção do quão importante é uma competição entre queijos, e que pode ser feita de maneira simples e ajuda a dar visibilidade para os produtos”, finaliza.