A estiagem, considerada uma das mais severas da história, prejudicou a produção de milho para a silagem e acendeu alerta no setor produtivo
Santa Catarina vive uma das piores secas dos últimos anos. A ausência de chuva está comprometendo a produção de milho para silagem. Com medo de que falte comida para os animais em 2021, muitos produtores estão abatendo vacas leiteiras.
O produtor de leite José Araújo, de Chapecó (SC), conta que a situação vai forçar uma redução no plantel da região oeste do estado e na captação de leite. “Representamos 70% da produção do estado e somos o quarto maior estado produtor do país”, lembra.
Já o produtor de milho Félix Junior viu a estiagem mudar os planos que ele tinha para parte da lavoura. “Na nossa outra área há 70 hectares de milho que seriam destinados para grãos apenas, mas teremos que cortar apenas para silagem. A palhada do milho não formou espigas, então perdemos praticamente os 70 hectares”, diz. “Com toda certeza, 2021 será muito preocupante para nossa produção de leite e grãos”.
O vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina (Faesc), Enori Barbieri, reforça que é uma das secas mais severas que o estado já viveu, tendo chovido até agora 900 milímetros abaixo do normal para o ano.
“As propriedades do oeste catarinense, onde há grandes criatórios de aves e suínos, não possuem mais água. Mais de 110 aviárias da agroindústria estão paradas e o restante está contratando carros-pipas. A safra de milho que foi plantada já tem perdas de até 100% e a safra de soja que foi plantada agora está aguardando umidade para germinar”, relata.
Araújo afirma que os custos de produção vão ficar “insuportáveis”. “Os insumos mais do que dobraram de preço. Hoje, o farelo de soja teve o preço triplicado, e, além disso, o produtor não encontra esse farelo à venda”, diz.