Fornecimento dos imunobiológicos segue normal para os 24 Estados brasileiros e Distrito Federal.
Os pecuaristas brasileiros podem ficar despreocupados quanto a disponibilidade de kits para diagnósticos de brucelose e tuberculose para animais de produção. Isso porque o Laboratório de Produção de Imunobiológicos do Instituto Biológico (IB-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, trabalha normalmente e conseguiu dobrar sua produção neste primeiro trimestre de 2020. O IB tem estoque de mais de dois milhões de doses de imunobiológicos, o que equivale a toda a sua produção do ano de 2015.
Os imunobiológicos são fundamentais para a manutenção do mercado internacional de carne. Sem o uso desses insumos, o Brasil fica impedido de realizar o comércio internacional de carne bovina, um mercado, que segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), gerou receitas de US$ 7,5 bilhões para o País em 2019. Além da questão econômica, esses insumos são importantes para a saúde humana, já que brucelose e tuberculose são consideradas zoonoses, ou seja, doenças que também podem infectar seres humanos, o que torna o diagnóstico ainda mais relevante neste momento de pandemia, pois ele garante o fornecimento de alimento seguro para a população. Para se ter ideia, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2018, sete milhões de pessoas no mundo todo foram diagnosticadas e tratadas para tuberculose, sendo que 1,5 milhão morreram em decorrência da doença.
Segundo o médico-veterinário do IB, Ricardo Spacagna Jordão, o estoque feito pelo Instituto é importante, pois permite o atendimento imediato dos pedidos feitos pelos produtores rurais de todo o País. “A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), por meio do Plano de Desenvolvimento Institucional em Pesquisa (PDIP), investiu R$ 3,5 milhões neste laboratório no final de 2019, que permitiu dobrarmos a produção neste início de ano, mesmo sem termos ainda recebido todos os equipamentos laboratoriais adquiridos. Esse estoque é importante para atendermos toda a demanda dos produtores. Antes, com a produção que tínhamos, não conseguíamos atender aos pedidos imediatamente, sendo necessário fracionar a entrega deste insumo aos nossos clientes”, explica.
Jordão afirma que as entregas também estão ocorrendo em fluxo normal para os 24 Estados brasileiros mais o Distrito Federal, já que os imunobiológicos são entregues por transportadoras, que estão operando, mesmo durante a pandemia do novo coronavírus (Covid-19). “A produção de imunobiológicos é considerada uma atividade essencial, pois é um insumo fundamental e estratégico para a pecuária paulista e brasileira. Por isso, estamos tomando todos os cuidados necessários e mantendo nossas atividades”, afirma o médico-veterinário.
IB é a única instituição do Brasil autorizada a produzir os imunobiológicos
O Instituto Biológico, um dos seis Institutos de pesquisa ligados à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) e à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, é a única instituição brasileira autorizada a produzir esses insumos que atendem ao Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que por sua complexidade, precisam de mão de obra altamente especializada.
Em 2019, o IB produziu 4,5 milhões de doses de imunobiológicos. A produção, até 2021, deve ser triplicada, graças a investimento da FAPESP, que permitiu a compra de equipamentos laboratoriais de ponta e abrirá nova frente de pesquisas na área. A expectativa é o desenvolvimento de novos produtos, como a combinação de vacinas para ter um produto único a fim de imunizar diferentes doenças no gado com apenas uma dose.
“O agro paulista não para. Assim como os agricultores continuam suas atividades no campo, os pesquisadores continuam seu trabalho nos laboratórios de pesquisa, produzindo insumos essenciais para garantir a sanidade animal e o abastecimento da população com alimentos de qualidade”, afirma o secretário de Agricultura e Abastecimento, Gustavo Junqueira.