O Brasil deve iniciar embarques de laticínios à China neste mês, com a associação Viva Lácteos afirmando que o país pode registrar 4,5 milhões de dólares por ano em vendas ao gigante asiático a partir de 2021, já que é preciso tempo para a construção de relações comerciais duradouras.

 

O Brasil deve iniciar embarques de laticínios à China neste mês, com a associação Viva Lácteos afirmando que o país pode registrar 4,5 milhões de dólares por ano em vendas ao gigante asiático a partir de 2021, já que é preciso tempo para a construção de relações comerciais duradouras.

O Ministério da Agricultura anunciou na semana passada que a China havia autorizado 24 estabelecimentos a exportar produtos como queijo, manteiga, leite condensado e leite em pó, com a expectativa de que os embarques se iniciassem em agosto.

Marcelo Martins, diretor-executivo da Viva Lácteos, disse em entrevista nesta quinta-feira que a autorização pode impulsionar o setor, que planeja focar inicialmente as vendas de queijo para a China, mercado no qual os fabricantes nacionais seriam mais competitivos.

“Neste momento temos total convicção de que não temos como exportar commodity”, disse ele.

As companhias brasileiras de laticínios estão ávidas para voltar o foco às exportações, após uma ausência de mais de uma década na China, intervalo que usaram para atender ao mercado doméstico, que cresceu 4% ao ano entre 2008 e 2014, segundo Martins.

“(As autorizações) foram um passo importante dentro de uma estratégia de gerar demanda. Nada melhor que a abertura do mercado chinês,” disse ele. “Mas temos dever de casa por fazer.”

Martins afirmou que os custos de frete e a instabilidade da rede elétrica no Brasil, que é vital para operar e manter qualquer atividade lucrativa no setor de laticínios, também representam desafios aos potenciais exportadores.

Ian Lin, presidente-executivo da consultoria comercial Group Serpa, de Xangai, disse em entrevista que os consumidores chineses não estão acostumados a comprar produtos lácteos, mas a cultura pode mudar.

Uma grande parcela da população da China é intolerante à lactose, de acordo com estudos científicos, embora campanhas comerciais estimulando seu consumo como parte de uma dieta saudável tenham ajudado a impulsionar o segmento de derivados de leite no país.

Lin afirmou que as importações dominam o mercado de laticínios da China, com a Nova Zelândia representando 51% do leite em pó importado pelo país, volume que totalizou cerca de 800 mil toneladas em 2018.

O executivo enfatizou que o Brasil enfrentará a competição de fornecedores fisicamente mais próximos, notando que o custo do frete marítimo é de 870 dólares para o embarque de 20 toneladas de produtos lácteos da Nova Zelândia para a China, enquanto o valor é de 1.500 dólares para carregamentos partindo do Brasil.

Por outro lado, a China importa 110 mil toneladas de queijo por ano, e este é um mercado com um crescimento anual de 13%, disse Martins.

No ano passado, as exportações totais de laticínios pelo Brasil somaram 58,2 milhões de dólares, com Argentina, Chile e Rússia entre os maiores compradores, segundo dados da Viva Lácteos.

A partir de segunda-feira, 18 de novembro, agricultores se mobilizam contra o acordo de livre-comércio entre a Europa e cinco países da América Latina, rejeitado pela França. François-Xavier Huard, CEO da Federação Nacional da Indústria de Laticínios (FNIL), explica a Capital as razões pelas quais o projeto enfrenta obstáculos.

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