Produtores do Estado estão trabalhando acumulando prejuízos e medidas precisam ser tomadas para manter os pecuaristas na atividade e evitar uma possível falta de leite no futuro.
Produtores do Estado estão trabalhando acumulando prejuízos e medidas precisam ser tomadas para manter os pecuaristas na atividade e evitar uma possível falta de leite no futuro.
Em busca de soluções para o segmento, representantes do setor se reuniram com a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, e apresentaram uma série de propostas para a melhoria da cadeia produtiva.
A reunião da Câmara Setorial de Lácteos do Ministério da Agricultura (Mapa) foi organizada pela Comissão Nacional de Leite da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e contou com a participação da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg).
De acordo com o presidente da Comissão Técnica de Pecuária de Leite do Sistema da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Sistema Faemg), Eduardo Pena, a situação dos pecuaristas é desfavorável e medidas precisam ser tomadas para evitar a saída dos pecuaristas da produção.
Ainda segundo Pena, a ministra se mostrou sensibilizada com a situação vivida pela pecuária de leite e disse que irá trabalhar para ajudar o setor. “Sabemos das dificuldades, mas alguma coisa tem que ser feita. A ministra, Tereza Cristina, disse que está atenta e preocupada com o setor e vai tentar alguma solução”.
Demandas do setor – Entre as solicitações apresentadas estão o pedido para que seja regulamentada a importação de leite do Mercosul para evitar surtos e excessos de leite no mercado brasileiro. Também foi solicitada a redução ou isenção das alíquotas do PIS/Pasep e da Cofins dos insumos utilizados na ração e nos suplementos minerais de bovinos.
“A importação de leite em pó é recorrente e consideramos desleal. Tem ingressado no mercado nacional um grande volume de leite da Argentina e do Uruguai e isso dificulta ainda mais a situação dos produtores e da indústria. Também temos dificuldades de negociar esse limite com o governo federal, já que exportamos para estes países volumes maiores de produtos com maior valor agregado”, destacou.
Ainda dentro das medidas consideradas emergenciais está o pedido para que sejam reduzidas as burocracias na tomada do crédito e a prorrogação do pagamento dos financiamentos destinados à produção de leite.
Outra demanda de curto prazo foi a suspensão da cobrança do Adicional de Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) de insumos utilizados na ração animal, bem como de fertilizantes. Essa medida iria reduzir parte dos custos.
Também foi solicitado que o governo amplie as compras governamentais de produtos lácteos, o que iria diminuir os estoques das indústrias e estimular o mercado.
As medidas de médio prazo solicitam à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), em caráter de urgência, a avaliação de biossegurança de milhos OGM exportados pelos EUA para alimentação animal e a isenção da Tarifa Externa Comum (TEC) de máquinas e equipamentos utilizados na atividade leiteira.
“Pensamos em importar milho dos Estados Unidos, já que a oferta interna é muito restrita e os preços estão elevados. A isenção da TEC seria importante para estimular os investimentos em tecnologias e gerar mais competitividade, eficiência e redução dos custos dentro das propriedades”, explicou.
Fornecimento de leite pode ser prejudicado
O momento vivido pelos pecuaristas de leite é crítico e, se o cenário não mudar, pode haver redução drástica do rebanho e, no futuro, até mesmo falta de leite no mercado. Segundo o presidente da Comissão Técnica de Pecuária de Leite do Sistema da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Sistema Faemg), Eduardo Pena, enquanto os preços do leite estão desfavoráveis, o mercado do boi gordo segue aquecido, com a arroba valorizada, o que estimula o maior abate de animais, , incluindo as fêmeas.
“Os custos aumentaram muito. O preço da soja subiu mais de 130% e o do milho mais de 60% em um ano. Os preços do leite subiram, mas em índice menor que os custos, girando entre 20% e 30%. Isso tem feito com que o produtor acumule prejuízos. Além disso, com a arroba do boi gordo em torno de R$ 300, existe um aumento do abate de matrizes, o que pode comprometer a produção e causar o desabastecimento do mercado”.
De acordo com os dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), os preços pagos aos produtores de leite em janeiro de 2021, referente à produção entregue em dezembro, recuaram 3,71% em Minas Gerais, com o litro cotado, em média líquida, a R$ 2,04. Com o fim do auxílio emergencial e a alta taxa de desemprego, a tendência é de novas quedas ao longo dos próximos meses.
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