A terapia de vaca seca (uso de antibiótico intramamário específico no momento da secagem do animal) é uma prática importante e tem como objetivos principais: 1) Cura de infecção existente no momento da secagem e 2) Prevenção de novas infecções durante o período seco.

Estudo conduzido por pesquisadores do QMPS (Quality Milk Production Service da Universidade de Cornell) buscou avaliar a viabilidade do uso de terapia seletiva, ou seja, não fazer o uso de antibióticos na secagem para animais que apresentem baixo risco de estarem infectados. Essa é uma tendência na produção animal, ou seja, buscar o uso racional de antibióticos. No estudo, animais que atenderam todas as condições abaixo foram considerados  como grupo de baixo risco:

  • CCS abaixo de 200 mil na última análise antes da data da secagem;
  • CCS média das três últimas análises inferior a 200 mil;
  • Não apresentar sinais de mastite clínica no momento da secagem;
  • Ter apresentado no máximo um caso de mastite clínica durante a lactação.

O estudo avaliou 953 vacas que foram secas entre Junho/16 e Janeiro/17. Dessas, 342 foram consideradas vacas de alto risco e seguiram com o tratamento com antibiótico na secagem.  As outras 611 vacas foram consideradas de baixo risco e receberam os seguintes tratamentos de forma aleatória:

  1. 304 vacas tratadas com antibiótico mais selante (ATBS)
  2. 307 vacas tratadas apenas com selante (S)

Também foi feita análise microbiológica (cultura) na secagem e no pós parto para avaliar a taxa de cura e a taxa de novas infecções.

Perguntas e respostas observadas no estudo:

  • Qual a taxa de cura entre os grupos ATBS e S?
    1. Não houve diferença significativa na taxa de cura entre os grupos (ATBS = 93% e S = 88%)
  • Qual a taxa de novas infecções entre os grupos ATBS e S?
    1. Não houve diferença significativa na taxa de novas infecções (ATBS = 5,5% e S = 7,7%)
  • Qual efeito sobre a CCS no pós-parto e produção de leite até 30 dias?
    1. Não houve diferença significativa no escore linear de CCS (ATBS=2,5 e S=2,7)
    2. Não houve diferença significativa de mastite clínica no pós-parto (ATBS=9 e TS=5)
    3. Não houve diferença significativa na produção de leite aos 30 dias (ATBS=40,5 kg e S=41,2 kg)

 

Com base nos resultados observados, os pesquisadores concluem que foi possível a redução de até 60% no uso de antibióticos com adoção dos critérios de avaliação de risco para definição do protocolo de tratamento. Esses resultados também já foram relatados em estudos relacionados a terapia seletiva na secagem, desenvolvidos especialmente em países na Europa, em que o tratamento seletivo é obrigatório, ou seja, trata-se com antibiótico somente animais que realmente apresentam infecção intramamária (a partir da análise de cultura microbiológica e outros critérios).

Mas qual o aprendizado para nós aqui no Brasil? A terapia seletiva é futuro ou realidade? Depende. Somos um país de extremos. De um lado temos uma grande maioria de fazendas que não faz uso dessa importante ferramenta de controle de mastite. Se assumirmos que a nossa média de CCS é ao redor de 550 mil, isso significa que praticamente 45% das vacas chegam na secagem infectadas (mastite subclínica), e portanto, o uso do antibióticos seria uma prática indispensável dentro de um programa de controle de mastite. De outro lado, temos fazendas com alto grau de controle e gestão, que já adotam ferramentas como a contagem de células somáticas individual (CCS) e cultura na fazenda. Além disso, oferecem aos animais um ambiente de alto conforto e baixo desafio durante o período seco.

Realidade para alguns, futuro para muitos.

Consumidores brasileiros têm se surpreendido com a alteração do nome do queijo nas embalagens. Essa mudança foi definida em um acordo entre União Europeia e Mercosul.

Você pode estar interessado em

Notas
Relacionadas

Mais Lidos

Destaques

Súmate a

Siga-nos

ASSINE NOSSO NEWSLETTER