Política liberal do ministro preocupa segmentos do campo que buscam proteção para competitividade; ministra garante trabalho conjunto

Após medidas da equipe econômica do governo causarem descontentamento e preocupação ao setor agropecuário, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, fez questão de demonstrar alinhamento e trabalho em conjunto entre os ministérios dela e o de Paulo Guedes. O ministro, inclusive, participou da posse da nova diretoria da Frente Parlamentar da Agropecuária essa semana em Brasília para transmitir essa mensagem.

Em entrevista ao programa Direto ao Ponto, ela explicou os instrumentos buscados para solucionar a crise do leite e para garantir recursos subsidiados no Plano Safra que será lançado até junho.

“Não existe nenhuma briga entre o Ministério da Agricultura e a Economia. Há sim uma aproximação porque os assuntos são do Brasil, de exportação e importação que afetam o Brasil e a receita do produtor e do governo”, destacou Tereza Cristina ao comentar o fim da tarifa antidumping para importação de leite em pó da União Europeia. Em outro momento, ao falar de política agrícola e subsídios do governo federal, ela reiterou o alinhamento das pastas.

“O Ministério da Agricultura não tem nenhuma divergência com o Ministério da Economia. A gente tem conversado muito para o entendimento deles sobre o nosso setor e lá todo mundo sabe que a agropecuária brasileira é uma atividade rentável, mas que tem problemas e não é essa oitava maravilha que todo mundo pensa. Porque os nossos custos de produção vem só aumentando e alheios à vontade do produtor. Ele melhora ações dentro da porteira, mas aí tem o diesel sem previsibilidade de preço, estradas, tabela de fretes, oneração no transporte de grãos, fechamento de fábricas de fertilizantes. O desafio é muito grande e a Economia está querendo fazer esse entendimento para que juntos a gente assuma uma melhor política”, concluiu.

Crise do leite

A ministra afirmou que o governo estuda três ou quatro maneiras para deixar o setor do leite “por enquanto protegido”. Ela destacou que essa proteção não pode durar para sempre e que os produtores nacionais precisam ser mais competitivos. “Tentamos achar outra maneira de apoiar a cadeia produtiva do leite. Tem toda uma estratégia. Quero dizer aos produtores de leite que fiquem tranquilos porque o governo tem três ou quatro maneiras da gente deixar esse setor por enquanto protegido. Agora, nisso não pode ficar a vida inteira. O leite está preservado por um tempo, mas nós precisamos urgentemente fazer a lição de casa”, apontou.

Tereza Cristina pontuou que os instrumentos encontrados até agora são a aplicação de salvaguardas cruzadas à União Europeia por ter sobretaxado o aço nacional e a desoneração de equipamentos para a pecuária leiteira. Outra medida já colocada em prática é o monitoramento diário das importações de lácteos. “Tem acompanhamento diário para que não deixe esse leite inundas nosso país”.

Outra proposta do Ministério da Agricultura é aprimorar a logística na produção de leite, considerado um dos maiores gargalo por Tereza Cristina. Ela comentou a criação de um grupo técnico para estudar soluções para o tema. “Como são pequenos produtores em todo o país, faltam estradas, temos problemas de energia elétrica para manter os resfriadores”.

A ministra ressaltou que a prioridade é estancar as importações de leite do Uruguai e da Argentina. O Brasil já iniciou conversas com o governo argentino, mas não teve retorno dos uruguaios até agora. “O Mercosul é o grande problema. Já conversamos com a Argentina, criamos um grupo de trabalho, mas ainda não conseguimos sentar com o Uruguai.

Importante trabalhar em conjunto para ter equilíbrio nessas importações. O Brasil tinha que trabalhar para ser um exportador de leite para competir com União Europeia, Nova Zelândia, Argentina e Uruguai. Ou quiçá se juntar com Argentina e Uruguai para formar um bloco e exportar juntos, fazer um volume de leite para que a gente possa incomodar também lá fora”.

Crédito Rural

Apesar das crises pontuais como a do leite, o maior esforço do Ministério da Agricultura neste momento é o Plano Safra 2019/2020, que deve ser lançado até junho desse ano. Com o pensamento mais liberal do Ministério da Economia e o esvaziamento dos cofres públicos, há riscos de faltar dinheiro do Tesouro Nacional para subsidiar o crédito rural. O objetivo de Tereza Cristina é garantir o mesmo volume de recursos da temporada atual e incrementar o Seguro Rural.

“Vai ter custeio, mas estamos vendo o tamanho do recurso subsidiado. tem que ser mais ou no mínimo o mesmo do ano passado. O grande produtor tem mais condições de ir ao mercado e vamos ver se conseguimos algo melhorar para um seguro rural que consiga baixar o preço. Pôr mais dinheiro na subvenção do seguro para que mais gente tenha acesso a ele e que ele seja mais barato, melhorar a competitividade desse seguro. Se tem seguro que te proteja, vai ter crédito mais fácil e mais barato, pois diminui o risco do banco que vai emprestar”.

Dívidas

A ministra também destacou os problemas de quebra da safra atual. Ele afirmou que foi criado um canal de comunicação com o Banco do Brasil para negociações individualizadas para quem teve frustração nas lavouras. “As pessoas precisam procurar as agências e levar os resultados, comprovar essa quebra para fazer a prorrogação e aumentar o prazo de pagamento e não perder o acesso ao custeio”.

Produtores de leite preveem aumento de 6% neste ano.

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