São seis fábricas no país distribuídas nos Estados de Minas Gerais, São Paulo e Santa Catarina
Vender parte ou a totalidade da empresa para uma multinacional – tendência cada vez maior em diversos setores da economia brasileira – não está nos planos de Cícero Alencar Hegg, fundador e diretor da Tirolez, indústria mineira de laticínios há 39 anos no mercado. “A ideia é perpetuar. Nossa empresa é uma escola de bons princípios e valores, e que faz queijo”, resume o empresário. E bota queijo nisso: são mais de 30 tipos da iguaria num portfólio de 120 SKUs (tipos de produtos).
Além da diversificação com uma extensa linha de produção, Hegg aponta os desafios frequentes no negócio que ele acredita continuar como exemplo de case no mercado. “Vamos fazer 40 anos no dia 1º de maio de 2020. A empresa, inaugurada em 1980 com seis funcionários e uma unidade só, conta hoje com seis unidades”, comemora.
A Tirolez começou em Tiros, no Alto Paranaíba, depois abriu unidades em Arapuá e Carmo do Paranaíba. Além das três fábricas em Minas Gerais, há plantas em Monte Aprazível e Lins, em São Paulo, onde está situado o centro de distribuição, e um laticínio em Caxambu do Sul, em Santa Catarina. Com 1.700 funcionários, a Tirolez coloca seus produtos em cerca de 40 mil pontos de venda no Brasil.
A capacidade de recepção é de 850 mil litros de leite e a empresa está trabalhando próximo disso, variando entre 750 mil e 800 mil litros em queijo, manteigas e, agora, com inserção na área de iogurte líquido. “Nosso forte é queijo e manteiga”, define Hegg, que capta leite de 1.700 produtores das regiões onde as indústrias estão instaladas.
Expansões e modernidade
Hegg garante que Minas Gerais tem a fábrica mais moderna de mofo branco do Brasil. “Trouxemos equipamentos de fora, que outras indústrias não têm. É uma tecnologia diferente que a gente colocou em Minas, na cidade de Tiros, que é uma unidade de mofo branco, ou seja, queijo brie e camembert”, informa.
Com a capacidade próxima da ocupação total, Hegg explica que em 2021 já estará com expansões realizadas. Uma delas, em Arapuá. “O projeto já está pronto, aprovado no ministério, então é só a obra iniciar para daqui a um ano estarmos com essa capacidade aumentada”, calcula.
A operação em Arapuá vai demandar um investimento de cerca de R$ 20 milhões. A expansão é para ampliar as linhas e levar linhas de outras unidades para Arapuá. “Na produção, precisamos crescer no mínimo 50% nos próximos dois anos nas seis unidades”, calcula o executivo.
Hegg admite que o setor de queijo sofreu soluços em 2014 e 2015, principalmente. Mas ele acredita que, com o retorno da renda do trabalhador, tudo muda. “Se observar os cardápios dos restaurantes, de 60% a 70% deles tem queijo”, diz.
Sobre o futuro, Hegg não descarta a abertura de capital da empresa na Bolsa. “Precisamos crescer mais um pouco em dois a três anos”, conclui o industrial.
Empresa exporta para quatro continentes
A Tirolez também tem acreditado no potencial de vendas do mercado externo com exportações desde 1999. “Exportamos para Ásia, Estados Unidos, África e Oriente Médio. A exportação representa apenas 2% no faturamento, mas o objetivo é chegar a 10%”, informa o fundador e diretor da Tirolez, Cícero Alencar Hegg.
O industrial admite que começou com a empresa aos 28 anos, sem ideia do que ela seria. “Fomos fazendo o trabalho de formiguinha, privilegiando o trabalho e o ser humano. A ideia surgiu tomando uma caipirinha, numa conversa no Guarujá (SP)”, lembra-se. É que a família do sogro do irmão de Hegg era queijeira, de Camanducaia. “Ouvindo histórias dele, achei que o queijo era um bom negócio”, recorda-se.
Na realidade atual, Hegg diz que é possível acreditar em Minas Gerais e no Brasil. “Quanta gente já saiu (do país). Aqui é minha terra, já morei fora. Acredito, sim, no Brasil. Tenho certeza de que estou fazendo minha parte. Se cada um se empoderar e parar de falar dos pobres, é possível”, diz.
Conquistas do setor de laticínio e simplificação tributária
– Para Cícero Alencar Hegg, as conquistas que o setor de laticínios obteve, quer sejam em Minas Gerais, quer sejam no âmbito nacional, não necessitam de mudanças. “Foi reconhecida a importância do setor, e ele está na situação em que merece estar”, avalia.
– Em nível nacional, Hegg acredita que todos os outros tributos vão precisar ser alterados para diminuir o trabalho que os empresários têm para fazer toda a apuração e pagamento.